domingo, 4 de abril de 2021

INVEJADA, OCASO E SILÊNCIO: PENTALOGIA DAS MINHAS PÉTALAS SEMANAIS - X

 DA SÉRIE: PENTALOGIAS DAS MINHAS PÉTALAS SEMANAIS


O silêncio é um amigo que nunca trai.

Confúcio


Retomando minha série de poemas de minha autoria, Pentalogia das minhas pétalas semanais, trago neste domingo de páscoa os cincos poemas sem categorização. Ou seja, aqueles que por pressa ou por achar que não devia, não dei a eles uma categoria no recanto das letras.

Eu os postarei em ordem decrescente, do 5º mais lido para o 1º. Então vamos aos poemas.

 

PÉTALA I


INVEJADA

Invejada

Imponente e maternal

Zelando pelo sono eterno

Dos teus filhos de outrora

Sofrendo com as loucuras

Dos teus filhos de agora!

 

O poema foi escrito a partir de uma foto tirado do terraço da casa do meu pai, de onde se vê o cemitério da paz e ao fundo a pedra Invejada.

 

PÉTALA II

OCASO

Cada caso
De amor na cidade
Seja por acaso
Seja por necessidade
Faz a história
Que passa ligeira
Que fica na memória
 
Cada atraso
Que adia por instantes
O calor do abraço
De corpos distantes
Na história interfere
Como mão que afaga
Como mão que fere
 
Cada dia um ocaso
Do sol reluzente
Como fim do prazo
De cada ser vivente
Os braços eu cruzo
Como menosprezo
Por tudo que uso
 
E assim chego ao fim...

 

    O poema verseja sobre os ocasos que ocorrem em nossas vidas, uma relação entre o ocaso do sol que anoitece nossos dias e os fins dos ciclos da nossa existência, que nem sempre conformamos. O eu-lírico deste poema é um homem que já cruzou seus braços diante de tantos ocasos já vividos.

 

PÉTALA III


O SILÊNCIO DAS FLORES

Eu escuto o silêncio das flores
Encanto-me
É o que ainda me resta
Sob o vento de fim de festa
 
Sorrisos estão emoldurados
Nas paredes pálidas das lembranças
As palavras estão magérrimas
Definham-se perante cada mentira
 
Quero abrir um túnel sob os declínios
E encontrar a luz da regeneração

    Fazendo parte da minha seleção de Poemas curtos para a obra Poemas em pó. O silêncio das flores verseja sobre o desencanto com o mundo, restando ao poeta apenas se encantar com as flores. Mas há um desejo de encontrar a regeneração desse mundo decadente.

 

PÉTALA IV

FERMENTAÇÃO

a cidade perante
ao teu olhar brilhante
vai crescendo
massa com fermento
 
a cidade perante
ao canto dos motores
permanece incauta
nem sente minha falta
se morro ou saio
 
mas o teu canto
no meu canto
não é espanto
é nada além
do que me encanta
 
a cidade perante
ao nosso flagrante
vai se corroendo
cancros no cimento
 
a cidade perante
aos gemidos de amores
permanece inocente
nem sente minhas dores
se corro ou desmaio
 
mas o teu gemido
no meu ouvido
não é um grito
é nada além
da própria vida

    Poema escrito durante o ano em que eu morei em Manhumirim. Ele retrata uma visão crítica sobre a cidade, mas que pode ser estendido sobre todo e qualquer aglomerado urbano.

 

PÉTALA V


POEMA SEM PALAVRAS

Quem diria
Que meu poema
Um dia
Fosse além
Do que eu queria
 
Eu queria teus seios
E ele foi ao coração
Despertar anseios
Com recheio de paixão
E então
Descobri-me tão poeta
Que te fiz outro poema
Sem rima
Sem figura de construção
Na verdade
Era um poema sem palavras
Era um poema-sedução

    Poema sem palavras está publicado na obra Decalogias poéticas. Pertence à 1ª decalogia escrita em 26 de dezembro de 1996, inspirada no termo Poema. Não é necessariamente um metapoema, mas um mergulho em uma comparação entre o ato de amar e a loucura de poetizar.

Sobre o livro mencionado na Pétala V


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