domingo, 24 de julho de 2022

ESCURIDÃO, TEMPESTADE E VOLTA: PENTALOGIA DAS MINHAS PÉTALAS SEMANAIS – XXIV

 
FONTE DA IMAGEM: blog.nec.com.br

ESCURIDÃO, TEMPESTADE E VOLTA: PENTALOGIA DAS MINHAS PÉTALAS  SEMANAIS – XXIV
 
Cinco questões que pairam sobre nossa existência não serão respondidas pelos cinco poemas da nossa pentalogia da semana. Mas acredito que poesia existe para suavizar a vida, ainda que aborde solidão, dificuldades e limitações.
 
Qual a sensação de viver um falso amor? Em A ESCURIDÃO DO FALSO AMOR o poema explora a sensação claustrofóbica de está preso em uma relação tóxica. Serve como advertência para termos um olhar mais profundo em nossas relações amorosas.
 
O que difere um amor das demais coisas? O amor não se prende a nada. Trago aqui para o amor Eros a mesma reflexão de Paulo falando do amor Ágape em AS COISAS E O NOSSO AMOR. Tudo tem contexto e está preso no universo, exceto o amor.
 
É possível fugir do amor?  O poema NÃO QUERO MAIS A TEMPESTADE coloca as consequências para quem quer se fechar ao amor. É abrir mão do impetuoso para a amenidade de um chuvisco.
 
O que no mundo importa quando se vive um amor? Em TANTO FAZ o poema traz o descaso de quem está apaixonado para questões naturais e triviais da vida.
 
O que acontece quando fujo de mim? Em VOLTAR PARA MIM o poema reflete sobre o eu-poético consciente de que ele precisa voltar para o seu EU.
 
 
A ESCURIDÃO DO FALSO AMOR
 
Sem medo eu me entreguei
Para suas palavras sedutoras
Hoje eu percebo como eu errei
Eram só palavras enganadoras.
 
Cada frase rasgou o meu coração
Como agricultor sulca o terreno
A semente da ilusão foi plantada
Não era para alimento, era veneno.
 
Sem reservas eu me entreguei
Diante dos brilhos em seus olhos
Hoje eu sei que era só fogo-fátuo
E que não iluminaria meus passos.
 
É doloroso agora ir ao teu encontro
Começo a vê que foi tempo perdido
Eu quero fugir dos seus tentáculos
Eu me esforço, mas nunca consigo.
 
Acho que estou aprisionado em você
E não adianta mover-me rumo à luz
A escuridão do falso amor me pega
Enquanto meu corpo rasteja dorido.
 
 
 
AS COISAS E O NOSSO AMOR
 
As coisas sempre estão
Dentro...
 
Da casa ou da prisão
Da caixa ou do coração
 
Do universo ou do contexto
Mesmo um meio ou um terço.
 
Só o nosso amor
Tem asa para fugir
De qualquer labirinto.
 
 
NÃO QUERO MAIS A TEMPESTADE
 
Não me apaixono mais
Cansei de sofrer
Meu coração decepcionado
Não mergulhará mais
Em aventuras profundas.
 
O amor deixou de ser possibilidade
Para se tornar apenas tema
De poemas racionalmente elaborados.
 
Fechei todas as portas
Para que nenhuma sedução entre
Para que eu agora me centre
Somente no que vale a pena
O trabalho que traz o pão
A literatura que vende mais
A rima próxima a de Bilac.
 
Ser feliz deixou de ser meta
Estou me contentando com chuvisco
Não quero mais a tempestade
Não quero mais o traço perfeito
Estou me contentando com rabisco.
 
 
 
TANTO FAZ
 
Nossos corações no mesmo passo
Pelas veredas de uma paixão
Eu caminhando ao teu lado
Envolvido na leveza da emoção.
 
Tanto faz o sol, tanto faz a lua
Ou qualquer outro astro no céu
O que me ilumina são seus olhos
Mirando a essência do meu ser.
 
O vento tem acordes de uma sinfonia
Em homenagem ao nosso momento
O dia não se prende na sua monotonia
Tenta a cada segundo nos surpreender.
 
Tanto faz a praia, tanto faz o monte
O que vejo no horizonte é esperança
Entendo que encontrei o amor certo
Para viver para além dos séculos.
 
O tempo tem o ritmo dos nossos carinhos
Dos meus dedos vagando pela sua pele
Passado, presente e futuro se fundem
Na nossa história tão densa e tão discreta.
 
Tanto faz os minutos, tanto faz o lugar
O que sinto é aroma de outras dimensões
E tanto faz no deserto, tanto faz no mar
Nosso amor tem um ecossistema próprio
Para nos abrigar.
 
 
 
VOLTAR PARA MIM
 
Eu só quero voltar para mim
Para minha calma e paz interna
Nosso caso foi ficando turbulento
Como parasita sugando o tempo.
 
Quero encontrar aquele rapaz feliz
Que escrevia poemas em cadernos
E sonhava com futuros perfeitos
Nos braços de uma companheira.
 
Hoje tudo no meu mundo sangra
Não há como sorrir para as flores
A luz da manhã cega meus olhos
Meu dia é um rosário de martírios.
 
Eu me afogo em lágrimas ácidas
E a sua dose mínima de carinhos
Nunca é o suficiente para curar
As feridas que afloram em mim.
 
Quero voltar para minha certeza
Rimar minhas fantasias em versos
Dedicados à singeleza do belo luar
Em noites de estrelas brilhando
Em meus lençóis aconchegantes.


Fonte da imagem: pixbay


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MUITO OBRIGADO PELA LEITURA!!
VOLTE SEMPRE

ENTREVISTA PARA A EDITORA CYBERUS: EU & OS MICROS

 

Como autor selecionado para a antologia MICRODOSES DE HORROR da editora Cyberus, de Belém-PA, concedi uma entrevista para a divulgação do financiamento coletivo da Cartase a partir do mês de agosto. Quem adquirir o e-book pela Cartase vai ter desconto do livro físico em setembro pela Uiclap.

EU & OS MICROS

Fale um pouco sobre você:
Eu me chamo Cláudio Antonio Mendes, moro em Mutum-MG. Sobrevivo trabalhando como professor de Educação Básica. Nas horas vagas procuro escrever, aprimorando minha literatura.
 
Você divulga seu trabalho nas redes sociais?
Posto em minhas redes sociais os títulos dos livros que tenho, as antologias em que sou selecionado e compartilho alguns poemas.
 
Pensando em inspiração, quem te influencia?
O que me influencia são livros que já li ou estou lendo, alguns filmes. Nos meus poemas há referências a Ferreira Gullar e Carlos Drummond de Andrade. Na prosa minha primeira influência foi Luiz Lopes Coelho.
 
Como surgiu a ideia do microconto?
Eu sempre gostei do minimalismo na literatura, e na arte de um modo em geral como os curta-metragens no cinema. Gosto de indrisos, poetrix e aldravias na poesia. E narrativas minimalistas. Estou me aperfeiçoando participando de grupos de microcontos.
 
Qual foi a maior dificuldade em escrever o conto selecionado?
Dar cadência à história.
 
É possível assustar com tão pouco?
Sim. Escrever um microconto requer o mesmo esforço de um conto. Em um microconto a cadência precisa ser vai visceral e a quebra de expectativa do leitor mais abrupta. O susto pode ser até mais intenso, por ser instantâneo que em um conto ou romance de horror/terror.



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