domingo, 30 de outubro de 2016

PALAVRA DA SEMANA: #MICROCONTOESCAMBAU 02

Última semana do Prêmio Escambau de microcontos e a inspiração correu solta mais uma vez. Compartilhando aqui os microcontos da última semana. Participei apenas da metade, mas valeu a experiência. Se alguns desses ficar entre os 35 já é uma premiação da satisfação de estar escrevendo e lendo ótimos microcontistas por esse Brasil afora.

23 DE OUTUBRO: DOMNGO 
VENTILADOR


Primeira vez dele num hotel. Não sabia nem como usar o banheiro. Fez dentro da meia, rodou no braço como se fosse ventilador para lançar pela janela. Não percebeu que a meia estava furada. Ih, deu merda!

Vandelina Julie comprou um ventilador enorme apesar de possuir ar condicionado em casa. Seu sonho é ser Marilyn Monroe.


Em uma palestra sobre vendas:
- Qual o melhor lugar para vender ventilador?
- No inferno, senhor.
- Caro vendedor, não sei como, mas a empresa do ar
condicionado chegou primeiro.
- Então, o que podemos vender para eles?
- Sei lá, que tal a alma?

Janeiro, três da tarde no sertão. O sacristão aproxima-se do padre durante a missa na igrejinha abarrotada de fiéis.
- Posso ligar os ventiladores?
- Não. Minha homilia será sobre o inferno. 

***

24 DE OUTUBRO: SEGUNDA FEIRA
CATEDRAL

Ouvia sempre o sino da catedral anunciar falecimentos. Exceto o de um minuto atrás.


Depois de ser bad, quis "branquear" a alma. Fez da catedral sua neverland.

Guaximandro, o filósofo de Mutum, estava triste com a maldita viralização. Cuspiu essa:
- Para a nossa alegria, a gravação original é da banda Catedral.


Antes de usar a velha catedral como locação do seu filme de terror, o diretor de cena precisou do sangue do bispo.


Quase todo dia vai à missa na catedral. É colecionador de carapuças.

O novo sacristão prestava atenção no sermão sobre confissões. Talvez um dia ele confesse seu mais novo segredo. Só ele sabia naquela catedral superlotada que a comunhão seria sob três espécies: pão, vinho e estricnina.

Ela queria estar lá, junto com as demais na catedral. Mas tinha sido rejeitada. Ficava do outro lado da rua, só lamentando a má sorte. Daí a pouco tinha um corpo estendido no chão.

O rei aumentou o imposto para construir seu suntuoso palácio. O bispo pedia mais ofertas e dízimo para construir uma imponente catedral. A plebe pedia pelo amor de Deus.

***

DIA 25 DE OUTUBRO: TERÇA FEIRA
PONTO

Mesmo depois do Mobral não conseguiu encontrar o ponto G. Ela o trocou por alguém mais alfabetizado.

Bastou ele tocar no ponto para o desespero ser acionado. Riu sarcasticamente.

Guaximandro, o filósofo de Mutum, foi ao velório de um conhecido. Cuspiu essa:
- Não sei se ele está no ponto de partida ou no ponto de chegada. Só sei que ele chegou a esse ponto.

Guaximandro, o filósofo de Mutum, foi convidado para dar uma palestra sobre relacionamentos. Começou cuspindo essa:
- Esse troço ora é um ponto de exclamação, ora é um ponto de interrogação. E a gente nunca sabe a hora do ponto final.

A mulher, com talheres na mão, berra para o marido:
- Amor, já está assado?
- Está quase no ponto.
A família do desaparecido está em ponto de desespero.

Guaximandro, o filósofo de Mutum, estava viajando com um amigo para um seminário. Viu um, dois, três pontos de ônibus próximos. Cuspiu essa:
- Toda estrada é uma reticências.

***

DIA 26 DE OUTUBRO: QUARTA FEIRA
PAÍS

Não sabe o que é nação, pátria ou país. “Imagine” ainda faz a sua cabeça.

Guaximandro, o filósofo de Mutum, estava fazendo análise de conjuntura. Cuspiu essa:
- Prestes a ser apedrejado. Aí apareceu um salvador da pátria, acusou todo mundo e disse ao país: “Vá, e não PEC mais”.

Um chileno falando para o brasileiro sobre a sua vizinha:
- Ela é comprida, desajeitada e ninguém canta.
- Parece o hino nacional do meu país.

O rapaz foi ao cartório trocar de nome. Tinha nascido em 1970 e para homenagear o tri conquistado pelo país, os pais lhe colocaram o nome de Brasil.
- Você vai trocar Brasil por qual nome?
- Brazil.

Deus chamou Jesus Cristo e disse:
- Você vai voltar para a terra.
- Para onde irei dessa vez?
- Aqui, para esse país chamado Brasil.
- Pai, afasta de mim esse cálice.
- Mas, já?

***

27 DE OUTUBRO: QUINTA FEIRA
DESFILE
Sua câmera ficou mal acostumada com o desfile de beldades em sua frente. Quando ele a emprestou para um amigo fazer um curta de terror, ela teve um curto circuito.

Só depois que ela havia deixado a mão dele fazer um desfile por todo o seu corpo é que percebeu a falta de grife.

Guaximandro, o filósofo de Mutum, foi à missa experimentar um pouco do ópio do povo. Cuspiu essa:
- Isso é uma missa ou um desfile de moda?

Como não podiam participar do desfile na Sapucaí, criaram o Bloco do Sapecaí.

- Destino?
- Coreia do Norte
- Você é louco?
- Só aficionado em desfile militar.

Durante seu show fez um desfile pelos sucessos dos anos 60. Dezenas de fraldas geriátricas foram arremessadas sobre o palco. Ele se sentiu um popstar.

Glamurosa, participava do desfile cívico como se fosse desfile de moda. Era mais um passo na sua marcha para a independência ou para a morte.

Depois do desfile, considerada a mais charmosa modelo na passarela, foi entrevistada:
- De onde vem tanta elegância?
- Nas pinguelas da vida a gente aprende muita coisa.

Via as modelos sobre a passarela como um desfile de reses indo para o curral. Ele ainda levaria uma a uma para o seu abatedouro particular.

***

28 DE OUTUBRO: SEXTA FEIRA
LAVANDA
Depois do adultério, arrependeu-se. Um odor de lavanda ficou impregnado em sua pele. Passou a buscar qualquer tipo de eclidse.

Um cheiro forte de lavanda invadiu a cidade. Godzilla tinha acabado de devorar a fábrica de desinfetante.

Suas ideias nunca renovavam. Confundia todo dia lavanda com naftalina.

Quando ela viu sua loção de lavanda espatifada no chão, soltou fogo pelas ventas. Rapidamente acalmou-se. O próximo presunto já estava tocando sua campainha.


***

29 DE OUTUBRO: SÁBADO
FACE
Encantou-se com a face dele. Entregou-se de corpo e alma. Viveu momentos tempestuosos em noites de calmaria. Foi tempo demais para entender que tudo era mero disfarce.

Quando ela olhou e não viu mais sua face no espelho, entendeu a aula de biologia sobre ciclo vital.

Tinha vontade de conhecer Deus face a face. Fez coisas do diabo para adiantar o encontro. Toda maluquice em vão. Kairós venceu Cronos.

Aprendeu no catecismo que era preciso dar a outra face. Nunca achou isso difícil. Contava com a ajuda do seu transtorno bipolar exacerbado.

Quando se olhou no espelho, viu que não tinha mais mentiras em sua face. Já estavam encovadas pelas rugas.


 VEJA OS MICROCONTOS PRODUZIDOS NA 1ª SEMANA: 1º SEMANA

sábado, 29 de outubro de 2016

FIOS DE EXPERIÊNCIA


 Eu esperava a minha vez no banco da barbearia. Muito desacomodado, observava a paciência da senhora no banco de frente com o meu. Ela parecia melhor acomodada.
Sentado na cadeira do barbeiro estava seu Arnaldo. Fiquei sabendo do nome pela boca dela. Ela estava de companhia.
Em síntese, era um casal de idosos e ela o trouxe até a barbearia para fazer o cabelo e a barba que restavam.
Enquanto as alvas pontas dos cabelos do senhor Arnaldo caiam no chão eu imaginava de quantas histórias ela já teria vivido com seu Arnaldo. E agora via os cabelos caírem pelo chão de uma barbearia bem frequentada como fios de esperanças indo embora.
Quando casaram? Como passaram pela famosa crise dos sete anos de casados? Tiveram filhos? Netos e bisnetos, quantos?
As perguntas começaram a surgir em minha cabeça e, instintivamente, comecei a tecer um enredo para seu Arnaldo e sua esposa. Talvez eles tiveram pouco tempo para se namorar. Casando-se tendo o mínimo necessário para iniciar essa história que desemboca em uma apertada barbearia em meu bairro.
Imagino-a entrando na igreja com seu vestido de noiva. Não imaginei nenhum vestido bonito. Apenas um vestidinho simples, branquinho. Muito singelo. Ele com terno emprestado. Espichado de alguma forma para seu corpo.
Depois filhos, talvez uns quatro. Trabalhando para por sobre a mesa o pão de cada dia. Casaram bem ou mal cada filho. E agora, aposentados, podem descansar em uma barbearia enquanto seu Arnaldo deixa descabelar-se pela maquininha do nosso conhecido barbeiro.
Depois de cortado o cabelo e desfeito a barba, o casal de idosos pagam o dono do estabelecimento e saem de mãos dadas. Enquanto eu, sozinho, dirijo-me para o assento apontado pelo homem já com tesoura na mão.
DA SÉRIE: BARBEIROS, BARBEIROS, BARBEIROS

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

A ÚLTIMA RECONCILIAÇÃO - CAPÍTULO 14 (FINAL)


CAPÍTULO XIV
A cidade já estava cansada de ver assassinatos serem esquecidos sem serem solucionados, sem acharem os verdadeiros culpados.
O assassinato de Marli seria mais um a ser arquivado se não fosse o relevante clamor popular por justiça que bocas conscientes começaram a levantar cotidianamente.
Havia, além do clamor popular, a recente presença de Dr. Ramos. Um detetive que mais que altivez, contava com o conhecimento do que há de mais novo na investigação criminal. Ele não se deixava influenciar pelas aparências, sempre mergulhava um pouco, ou muito, mais fundo e às vezes ia além do fundo.
Grande estudioso das mitologias, da psicologia, conhecia as doutrinas, apaixonado por filosofia, era simpatizante do marxismo. Dr. Ramos, que entendia que só era doutor quem ostenta o diploma de doutorado, frequentava lugares exóticos e distintos na sociedade, desde igrejas a prostíbulos.
Em suas mãos os depoimentos. A mãe da vítima contou a trágica história da vida da filha. Isso é. Tudo o que ela sabia. Nivaldo tinha um álibi. E Dr. Ramos reconhecia que seu álibi era real. Tinha saído mais cedo no dia do crime. Era 03h15 quando saiu de casa e deixou a esposa dormindo depois de uma noite de amor. Pegou o ônibus que o levou para a lavoura. Era época de colheita do café e ele estava fazendo um bico. Não negou que surrava Marli. Mas afirmou que apesar disso, amava-a. Era apaixonado por ela.
Passaram-se mais três dias. Dr Ramos releu os depoimentos. Foi interrogado pelo delegado sobre a sua opinião se devia arquivar o caso ou ele daria prosseguimento à investigação.
- Eu já sei quem é o assassino. Vamos fazer o mandato de prisão. Respondeu Dr. Ramos convicto.
De posse do mandato de prisão, Dr. Ramos pediu a viatura com três policiais e disse ao delegado.
- Dentro de instantes o assassino de Marli estará atrás das grandes. Todos na delegacia apostariam que o assassino seria Nivaldo, parecia evidente.
A viatura policial entrou na Rua Floriano Peixoto onde Nivaldo morava, e ao contrário do que os rostos que começaram a aparecer nas janelas esperavam, a viatura não parou em frente a casa onde o crime tinha acontecido. Ela seguiu mais adiante alguns metros e estacionou.
Dr. Ramos bateu na porta de uma casa residida por cinco mulheres. Uma loura veio atendê-lo.
- É da polícia. A senhorita poderia nos seguir, por favor.
A loura parecia um pouco assustada. Mas controlou-se e não viu outra saída a não ser atender aquilo que por ora era um pedido.
Na delegacia a loura, Margareth Vaz de Oliveira, vinte e oito anos, confessou o crime.
O que ninguém sabia é que Dr. Ramos, apesar de novato na cidade, já tinha uma amante. Era Sílvia, que também residia na mesma casa que Margareth e em algum momento de excitação contou algumas histórias de Margareth que Dr. Ramos, esperto, tomou nota. Era a vingança de Sílvia contra a colega que havia recentemente lhe tomado um freguês importante.
- Não entendo qual foi o motivo do crime?
- Sílvia não contou? Eu e Marli tínhamos um caso. Não aceitei o fim. Ela queria ir embora para não apanhar mais do Nivaldo. Mas como o senhor ficou sabendo que era eu?
- Um arranhado de unha ao lado do corte de navalha. Um arranhado de unha grande, unha de mulher. Rematou Dr. Ramos.

Se você está lendo pela primeira vez a postagem da novela A Última Reconciliação, comece a ler pelo capítulo 01.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

A ÚLTIMA RECONCILIAÇÃO - CAPÍTULO 13


CAPÍTULO XIII

Dona Leontina acordou preocupada com a filha. Daria tudo para livrá-la de Nivaldo. O problema é que Marli sempre se derretia toda quando ele a pedia para que ela voltasse. Até parece que naquela rua tinha alguma coisa a mais que atraia Marli. Por instinto materno foi até a casa dela.

Parecia que não havia ninguém. O pequeno barraco estava imerso em um silêncio muito forte.

Empurrou a porta de madeira bruta e foi até o quarto. Quase não acreditou no que viu. Estendido na cama, inerte como uma pedra, o corpo de Marli já não respirava mais. O talho de navalha foi fatal. O pescoço branco está sob o sangue rubicundante. Controlou-se para não entrar em pânico. Não era o momento.

Chegou à delegacia quase sem fôlego. Relatou com dificuldade o fato. A única viatura policial da cidade dirigiu-se para o local do crime logo em seguida.

Esteve também avaliando a cena e o cenário Dr. Ramos, detetive novato na cidade, mas de renome no rol policial.

Feito as devidas observações e anotações, o corpo foi liberado para o sepultamento que ocorreu na tarde do mesmo dia.

Dona Leontina depôs de maneira tendenciosa. Pelo seu relato, Nivaldo era o assassino. Dona Leontina não estava sozinha em sua opinião. Todos desconfiavam de Nivaldo. Todos o incriminavam. – Só pode ser ele. Na certa descobriu algum caso dela com algum homem por aí. Comentava um. – Não deve ser isso não. Marli não dava canja para ninguém. Falava outro.

Leia os três capítulos anteriores: 101112

sábado, 22 de outubro de 2016

A ÚLTIMA RECONCILIAÇÃO - CAPÍTULO 12


CAPÍTULO XII
O casamento de Maria foi normal. Nada mesmo de extraordinário, nada de pomposo. Nivaldo compareceu para ajudar. Já frequentava com assiduidade a casa de Marli. Ajudou e bebeu a vontade. Conheceram a namorada de Marcus. Nem bonita e nem feia, apenas simpática.

Marli estava grávida. Como falar com sua mãe? Tinha que falar e falou. Dona Leontina recebeu a notícia como quem a esperava. Conversou com Nivaldo. Dai a um mês morariam juntos, sem casamento.

Alugaram uma casa de quatro cômodos numa rua não muito distante de Dona Leontina.

No quinto mês de gravidez, Marli teve hemorragia violenta. Perdeu a criança. Depois de alguns dias de repouso decidiu não trabalhar mais de doméstica.

As coisas de uma hora para outra começaram a ficar difíceis. Nivaldo não encontrava mais emprego, mais trabalho, raramente alguns bicos. Chegou passar quatro semanas sem um dia sequer de ocupação. Marli conheceu a dor e a agonia de acordar com o estômago e o armário vazio. Nivaldo passou a beber exageradamente e a fumar ainda mais. Marli também adquiriu, para acalmar os nervos, a hábito de encher os pulmões de nicotina.

Um dia, Nivaldo chegou de porre em casa. Não era nem a primeira e nem a segunda vez. Olhou para ela com os olhos caindo. Perguntou para ela onde tinha ido e por que passara a tarde toda fora de casa.

Tinham dito para ele que sua sogra aconselhava Marli a deixá-lo. Era verdade. Dona Leontina tinha pena da filha. Guardava sempre um prato de comida para ela.

- Você não é casada de papel passado minha filha. Só tá amigada. Deixa esse homem pra lá. Recomece a sua vida.

Bem que Marli concordava com a mãe. Porém, pobres noites de amor ainda a prendia a Nivaldo que lhe fazia morrer de gozo quando a possuía sobriamente.

- Onde cê tava, muiê?

- Na casa da minha mãe. Respondeu ela.

- Na casa da minha mãe. Arremedou ele.

Levantou-se e aproximou-se dela cambaleando.

- Eu já te falei para não ficar dando ouvidos à sua mãe. Terminou de falar e deferiu um murro fechado no rosto da mulher. Quando Marli começou a entender o que estava acontecendo já havia levado outros murros que a deixaram desnorteada. A cachaça parecia dar mais força ao homem.

Mudaram para uma casa menor. Aluguel mais barato. Dois cômodos e um minúsculo banheiro.

Marli gostou da mudança. Cinco dias sem ir à casa da mãe. Nivaldo vendeu o som, o jogo de sofá e a televisão. Liquidou as contas. O que sobrou juntou com a venda da geladeira e comprou uma carroça com uma velha mula arreada.

Cinco meses haviam se passado na nova casa. Marli tinha levado mais duas surras no novo lar. Prometeu para si mesma que na próxima deixaria Nivaldo apesar de ter encontrado um consolo na nova rua.
A próxima veio violenta como as outras. Marli cumpriu o prometido a si mesmo. Foi para a casa da mãe.

Nivaldo foi buscá-la. Humilhou-se. Prometeu que não a surraria mais. Ela voltou.

Ele a surrou muitas outras vezes e muitas outras vezes ela o deixou. Muitas outras vezes ele foi buscá-la e muitas outras vezes reconciliaram-se.

Desta vez não sabia o que fazer.

- Desgraçado. Não falou nada durante o almoço. Que esse filho da puta pensa que eu sou? Cansei de ser saco da pancada. Desta vez não vou voltar nem a pau. Decidiu. Iria para a casa de sua mãe como das outras vezes. Só que agora seria definitivo. Assim que ele saiu, ela se foi.

- Só tenho uma coisa minha filha. Dessa vez eu não vou deixar aquele caco do seu marido te levar de volta. Aquilo não presta, é uma merda.

Seis horas da tarde. As palmas estouraram do outro lado da porta. Dona Leontina atendeu:

- Some daqui, seu vagabundo, cachaceiro, ela não vai falar com você. Foi logo jogando essas palavras contra o rosto de Nivaldo.

- Ela é minha muiê. Lugar de muiê minha é em casa.

- Deixa mãe que eu me entendo com ele. Marli não resistiu sem ir até a porta vê-lo. Dona Leontina voltou para a cozinha como que dando por perdida a batalha.

- Marli, eu prometo que foi a última vez. Não vai acontecer mais. Eu prometo até parar de beber.

- ....

- Marli, acredite em mim. Eu juro pro cê.

- Jura mesmo?

- Juro.

- Nivaldo, eu vou. Mas da próxima vez eu fico e você nem adianta vim com essa cara de molenga pro meu lado, tá.


- Não vai ter próxima vez.

Se você está lendo pela primeira vez um capítulo dessa novela, volte ao CAPÍTULO 01

PALAVRA DA SEMANA: #MICROCONTOSESCAMBAU 01

MICROCONTOS ATÉ AQUI NO PRÊMIO MICROCONTO ESCAMBAU


Pessoas, estou adorando participar desse desafio no grupo ESCAMBANAUTAS de microcontos. Trata-se de um prêmio. Mas eu me sinto premiado só pela participação, experiência e oportunidade de ler microcontistas de diversas paragens.

Quem me informou dessa parada viciantes foi meu colega de labuta e “mestre” de criação literária, José Ronaldo.

Todo dia, os caras lá de Fortaleza posta a palavra do dia e aí a criação rola solta.

Depois de uma semana, compartilho no blog os microcontos  que saíram dessa minha cabeça oca.

16 de outubro de 2016

Palavra do dia: Bilhete

Assim que a professora saiu da sala, todos os alunos passaram algum tipo de bilhete para algum colega. Exceto Laura que preferiu dar uma espiadinha no WattsApp. Sentia-se superior aos demais. O que ela não sabia é que todos os colegas estavam combinando dar uma surra nela depois da aula.



17 de outubro de 2016

Palavra do dia: Escritor.
- Ele se perdeu no enredo.
- Uh, novidade nenhuma, ele sempre anda perdido.
- Entendi. Deve ser por isso que ele é escritor.


Entrou na loja e todas as balconistas se esconderam. Ninguém queria virar personagem nos contos do escritor. Isso sim, é um terror para ele.

18 de outubro de 2016

Palavra do dia: Investigador.
O investigador tinha diante de si cinco mistérios e não sabia um terço sequer.


O investigador, ao barbear-se, começou a procurar vestígios do crime na imagem refletida no espelho. Percebeu que havia pólvora nas lágrimas.

Não se deu bem na faculdade. Passava o dia todo lendo romances policiais, imaginando-se investigador. Eis ai o crime.


19 de outubro de 2016

Palavra do dia: Serpente.
O encantador de serpente é cobra no que faz, por isso cobra muito.


- Temos vários produtos para fazer penteados: Laquê, gel, chapinha, pente. O que pode ser?
- Pode ser pente.
- A ficha aqui na loja está em nome de quem?
- Medusa.



20 de outubro de 2016
Palavra do dia: Calcanhar
Dalila seduziu Sansão. Durante a noite, ela lhe cortou o calcanhar. Ainda bem que ele se apresentou com o nome de Aquiles.


O despertador não tocou. Pegou qualquer coisa que parecia meia e vestiu seu calcanhar delicado. Sua esposa passou o dia sem a calcinha predileta.

21 de outubro de 2016

Palavra do dia: Humor.
Apesar de introvertido, ganhava a vida fazendo humor. Próximo da morte pediu para que escrevesse em sua lápide: A vida é uma piada sem graça.


Fez humor no horário eleitoral e por isso foi eleito. No congresso entendeu porque o povo ri enquanto é feito de palhaço.

22 de outubro de 2016
Palavra do dia: decoração
Gostava de muitas coisas na sua escola: a merenda, o esforço dos professores, o respeito com que era tratado. Mas o que lhe aborrecia era a decoração.



Quando ela adentrou na moradia dele, foi logo exclamando:
- Uga uga, decoração bonita.
Com o passar do tempo, todo seu empenho artístico virou apenas pinturas rupestres.


Pessoas, quem gostou, acompanhem diariamente na minha página no facebook. MINHA PÁGINA

SORTEIO DO LIVRO DE CONTOS VENDETTA




O livro é uma coletânea de contos com o tema vingança, editado pela Editora Andross, na qual eu participo com o conto A INDUÇÃO.

Será sorteado de um a três exemplares de cortesia:
Até 30 participantes do sorteio: 01 exemplar.
De 30 a 50 participantes: 02 exemplares.
Mais de 50 participantes: 03 exemplares.

O sorteio será dia 01/11/2016, às 18h30.
Faremos o segundo sorteio dia 06/11/2016, domingo, a partir das 21h00.

Além de participar, divulgue para seus amigos compartilhando essa postagem no seu perfil.

PARA PARTICIPAR
      Leia as três citações abaixo, que estão na apresentação do livro feita por Leandro Schulai, organizador da coletânea:


CITAÇÃO 01
A justiça é a vingança
do homem em sociedade,
 como a vingança é a justiça
do homem em estado selvagem.
Epicuro


CITAÇÃO 02

Quem aplica um castigo
quando está irritado,
não corrige, vinga-se.
Michel De Montaigne

CITAÇÃO 03

A vingança nunca é plena:
Mata a alma e a envenena.
Seu Madruga

    Responda agora essa pergunta super difícil, valendo um exemplar do livro Vendetta:
Qual das três citações é de um personagem do seriado Chaves?

  Vá agora ao meu perfil no facebook e me responda inbox. Para ninguém colar. Boa sorte.

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

A ÚLTIMA RECONCILIAÇÃO - CAPÍTULO 11

CAPÍTULO XI
Dona Leontina não engoliu o relato superficial da filha. Sabia do namoro dela com o tal de Nivaldo. Contaram para ela. Sabia até das intimidades. “No meu tempo não era assim”- Pensava consigo.
Preocupada com o casamento de Maria, que se aproximava, a mulher estendida na cama sentia falta do marido que faleceu há dois anos. Falta apenas, saudade talvez, solidão não. Seus três filhos não eram anjos, sabia. Eram humanos, metidos a moderninhos. – Essa mocidade de hoje, hum! - Sabia que o namoro de Maria já ultrapassou os beijos e abraços. Até onde já teria ido, não sabia. Sabia também que Marquinhos andava fumando escondido. Sabia que Nivaldo não era um rapaz bem comportado. Poucas mães o desejariam para genro.
Maria não a preocupava tanto. Antônio Carlos era um bom partido. Nivaldo não. Fumava e bebia demasiadamente. Era um verdadeiro estúrdio. Marli passava por problemas. Nem mais procurava as coisas da Igreja.
Igreja. Leontina lembrou-se de quando era moça e morava na roça. Loura, linda. Trabalhava a semana inteira. Tratava dos porcos, socava arroz no pilão, fazia comida, lavava roupa na bica. Pés descalços, vestido de chita ou carne-seca feito em casa. Feito em casa também era a roupa de baixo, como se dizia naquela época.
Domingo. Pela manhã havia trabalho. Preparava cedo o almoço. Era dia de comer frango com quiabo. Até às dez horas devia estar todo mundo almoçado para terem tempo de arranjarem e ir ao povoado. Eram sete quilômetros a pé. No povoado encontrava as amigas. Muitas delas, primas. Depois da celebração geralmente tinha jogo de futebol. Junto com as duas irmãs e mais três amigas procuravam um canto. Sempre vinha time de fora. Sempre tinha um rapaz bonito no time visitante. Só o olhavam de soslaio. Chegar como? Não davam um passo sem o acompanhamento dos olhos dos pais ou de um dos irmãos.
Contava com dezenove anos. Era atraente, principalmente com as bochechas rosadas de pó de arroz. Ela ia à celebração todos os domingos. Mesmo que se sentido mal, cólicas menstruais, por exemplo, falava que estava tudo bem. Naquele tempo ela era religiosa. Todas as moças eram religiosas. Os rapazes não. Preferiam fica na vendinha bebendo e jogando sinuca. Em casa, Leontina rezava o terço todo dia. A mãe é que tirava. Ela e as duas irmãs recitavam repetidos pai-nossos e sussurradas ave-marias. Sabia até a salve-rainha de cor. Isto é naquele tempo.
Não tardeou surgir pretendentes. Primeiro foi o João do Miquinha. Moço alto e magro com um chapéu de abas grandes. Mandava-lhe recados através de sua irmã. Insistiu muito. Ela não o quis. Ele enfim desistiu.
Seu pai dava-lhe conselhos curtos, diretos. –“filha minha não é égua para rapaz ficar repassando.”- falava num tom autoritário, determinante. Ela e as duas irmãs sabiam o que ele queria dizer. –“O maior desgosto da minha vida é ver uma de vocês barriguda antes do tempo.”- completava a mãe, mais categórica.
Surgiu o segundo pretendente. Rapaz louro como ela. Não era de ir à Igreja. Porém, não era chegado à bebedeira da venda. Muitas vezes chegava ao povoado na hora do jogo de futebol. Chegou a jogar algumas vezes no cascudinho, era perna de pau.
Um bilhetinho escrito num pedaço de folha de caderno pautada chegou até às mãos dela. Ela demorou entender o que estava escrito. Pouca escolaridade de ambos. O bilhete em suma dizia. –“Estou querendo namorar você. Posso ir à tua casa conversar com teu pai?”- Era assim que se procedia. Primeiro o rapaz tinha que conversar com o pai da moça, senão, nada feito.
Todas elas olhavam para a estrada sonhando com o dia que um cavaleiro alto, roupas bem engomadas, transpusesse a porteira e chegasse em suas casas, sorrisse e perguntasse pelo pai delas, conversasse com o chefe da família e depois viesse ao alpendre sentar-se ao lado delas. Era um sonho coletivo.
-“Consentiria que ele viesse conversar com seu pai ou não?”- Esse era o nó que Tina, assim a chamava em casa, precisava desatar. Era o seu sonho também, que em breve poderia se tornar realidade. Através de um bilhete foi procurada, e através de um bilhete disse o seu sim a Athayde. Marcou para que ele viesse na quarta-feira. Falou com sua mãe e esta transmitiu a informação ao seu pai.
Quarta-feira. O anoitecer chegou e Athayde veio no seu cavalo mangalarga baio. Transpôs a porteira com certa elegância. Apeou e amarrou o animal no jambeiro florescido.
O pai de Leontina estava no alpendre com as vistas perdidas no horizonte.
O rapaz subiu os cinco degraus de madeira. Cumprimentou o senhor de cabelos grisalhos cerimoniosamente. Falaram das plantações, da colheita farta que estava preste a acontecer, do preço do gado e, depois e tanto rodeio, do único objetivo pelo qual o rapaz estava ali.
O pai de Tina fez as suas restrições. Só conversar, respeito pela donzela, encontros só na casa dela, quartas e domingos. Isto é, -“aqui em casa”-. O pai da moça prosseguiu. –Noivado e casório o mais rápido possível. Quem tá na chuva é para molhar. Arrematou passando as mãos na grisalhice dos seus cabelos.
Athayde concordou com todos os itens das restrições. Discordar de alguma era perder a concessão que o pai de Tina estava lhe dando. Sabia que não era o único rapaz que se deixava impor pelos pais das moças e nem fazia a ligação de que o casamento não passava de um negócio, de uma barganha.
Noivado e casório o mais breve possível. Athayde também desejava que fosse assim. Assim começou a frequentar a casa de Tina. Aprendeu a chama-la pelo apelido, e ela a ele de Tide. Era até meio poético. Tina e Tide. Começou a levantar o dinheiro para a compra do necessário. Contava com vinte e seis anos. Idade ótima para o casamento.
Com sete meses saiu o noivado e com mais cinco o casório. Tempo demais para aquela época. –“Ficaram cozinhando o galo.”- Comentavam as mulheres preocupadas com a vida alheia.
Teve almoço na casa de ambos. Almoção. Teve gente que veio de longe, parentes. O pessoal compareceu em rodo. Era sábado, sábado de casamento. Não chegava a ser raridade, mas era sempre um dia festivo.
Pela tarde foram à vila assinarem os papéis. Tina estava linda dentro do vestido de noiva. Muitas moças a invejaram naquele dia. Tide num terno comum azul marinho. Não estava nem bonito e nem feio, apenas formal.
O casório no religioso ficou para depois quando o padre viesse rezar alguma missa na vila, quando desse.
À noite, mais festa. Doces coloridos com anilina. Todos comeram a vontade. No dia seguinte há quem estava com os intestinos desregulados. Era de se esperar. Tina sorria largamente. Tide tentava sorrir. Muitos esperavam o som da oito baixos romper no fundo da sala. Cavalheiros convidariam suas damas prediletas. Dançariam noite adentro. Não demorou muito, a oito baixos impôs a sua voz.
No meio da festa, Tide e Tina, agora quase marido e mulher, foram para a casa nova em uma charrete.
Lua de mel. Naquele tempo não tinha esse nome. Talvez chamasse primeira-noite, primeira-vez. Leontina relembra sua quase ingenuidade. Que meninos não vinham de cegonha, isso ela já sabia. Que era para serem iguais os cachorros com as cachorras, os bois com as vacas, os cachaços com as porcas, isso também ela sabia. Na hora não tomou nenhuma iniciativa, apenas fez o que Tide foi dizendo. Aconteceu. Foi dolorido.
Vieram as crianças. Primeiro veio Maria. Depois, Marli. E por último, Marcus.
Vitória era um sonho. Falava-se muito em Vitória naquele tempo. Era onde tinha trabalho a vontade, dinheiro também. Athayde quis ir, ela não. Quase que ele foi sozinho. Na roça ele não queria ficar: - Aqui a gente trabalha pra burro.- Argumentava. – No fim das contas não sobra nada.
Vieram para a cidade. Empregou-se ele na prefeitura. Carteira assinada, salário mínimo, abono família, naqueles idos talvez compensasse.
Construiu uma casa onde hoje a família mora. Compraram, pouco a pouco, os eletrodomésticos básicos: Televisão, geladeira, liquidificador, ferro automático...

Os meninos cresceram. Tide morreu, ela ficou, o casamento de Maria estava próximo.

OBS: Se você quiser acompanhar desde o primeiro capítulo, clique no link: CAPÍTULO 01

sábado, 15 de outubro de 2016

A ÚLTIMA RECONCILIAÇÃO - CAPÍTULO 10

CAPÍTULO X

OBSERVAÇÃO: RECOMENDADO APENAS PARA


Marli evitava fazer comparações entre seu presente e seu passado. Dentro de dois anos muitas coisas aconteceram. Nada de muito alegre para deixá-la contente e o fato mais triste foi o falecimento do seu pai há oito meses.  Não havia namorado ninguém nesses dois anos. Tanto o estupro de Guido como a transa com Lauciene martelava sua mente de vez em quando. Paqueras ocasionais aconteciam e numa dessas paqueras permitiu-se transar de novo. Depois teve medo de ter se engravidado. Daí alguns dias um câncer no fígado levou seu pai para a sepultura.

Dezessete anos, uma semianalfabeta, uma pobre remediada. Mais de quatro anos no mesmo emprego. Perdera a virgindade violentamente, perdera o ardor religioso. Dizia para si mesma que era uma cristã relaxada. Saiu do grupo de adolescentes e não entrou em nenhum grupo de jovens. Foi se esfriando pouco a pouco. Já não saia muito de casa. Muitos de seus fins de semana eram consumidos em programas de televisão. Sílvio Santos a distraia.

Assustou-se naquela terça-feira ao ir embora. Viu os materiais de construção chegando. Não falaram nada para ela que iriam construir. Pensou em voz baixa:

- A limpeza vai piorar. Todo dia vai ser aquela poeirada. Marli sabia que construção dava poeira. Fazia a faxina ficar mais laboriosa.

No dia seguinte deparou com o pedreiro e seu ajudante nos primeiros trabalhos da reforma da casa. Estavam dentro do banheiro próximo da cozinha consertando o que fora gasto pelo tempo e pelo mau uso.

O pedreiro era um senhor de estatura mediana, usava calça de tergal verde bem surrado e uma camisa fechada sobre o peito sofrido com botões de cores e formatos diversificados. Um chapéu de palha na cabeça. Andava sobre duas havaianas gastas, aparentava uns trinta e cinco anos.

O ajudante parecia que se sentia a vontade com sua bermuda jeans indo até o joelho onde alguns fios de algodão eram maiores, carecia de uma bainha. Parecia que nem se importava com o cós de sua cueca amarela aparecendo tímido, tampando o dorso do corpo amorenado. Tendia um pouco a ser halterofilista. Aparentava ter vinte e quatro anos.

Naquela quarta-feira Marli trabalhou normalmente, sem nenhuma relação dialogal com a dupla de trabalhadores que iam e vinham pela casa. Batiam com força uma ferramenta pontiaguda de ferro maciço contra a parede. Faziam um pouco de massa. Pouco a pouco o serviço ia aparecendo.

Na quinta-feira Marli percebeu que o ajudante a olhava além do normal. Uma flor de curiosidade, fertilizada pelo desejo do seu coração, começava a desabrochar dentro do seu peito. Começou a fazer questão de ser notada e ora outra a sorrir para ele.

Sexta-feira chegou. Marli e o ajudante se conheceram.

Ele era Nivaldo e morava num bairro do outro lado da cidade. Disse que se lembrava de tê-la vista na pracinha algumas vezes. Ela forçou a memória e reconheceu aquele rosto curioso. Ele não lhe era estranho assim. Também se lembrava dele na pracinha.

Naquele final de semana deixou a televisão e foi para a rua. Lá viu Nivaldo com um amigo. Ela estava sozinha. Celina havia se mudado para outra cidade. Sorriu para ele e foi correspondida. Aproximou-se como uma familiarizada e puxou um assunto banal. Ficou ouvindo os dois rapazes falarem de futebol até o amigo de Nivaldo sentir-se sobrando. Pediu licença e se retirou.

Nivaldo a convidou para tomar uma cerveja. Ela aceitou. Procurou fugir do seu irmão. Foram a um bar, tomaram uma, duas, três e tantas outras cervejas. Daí em diante a única coisa que Marli sabia é que estava embriagada, que era sábado e que o pai havia falecido. Podia arriscar a chegar mais tarde em casa, enfrentaria a mãe se preciso. Tomou junto com o ajudante de pedreiro mais duas cervejas, trocaram ebriamente alguns beijos e carinhos. O rapaz pagou e saíram abraçados e cambaleantes.

Caminhavam devagar para não desequilibrar seus corpos. Falavam poucas coisas, já não tinham domínio de todas as palavras de uma frase. Paravam e beijavam, olhavam um para o outro e seguiam sem comentários. Pararam em frente a uma casa em construção. Beijaram e olharam para os lados e constataram a deserteza da rua. Nivaldo a convidou puxando-a pelo braço.

- Venha aqui.

Entraram na casa em construção, só entijolada e tampada com telhas francesas. Então acharam um esconderijo providencial por ali mesmo. Uma construção a mercê de quem quisesse visitá-la nessas horas inoportunas. Beijaram o gosto azedo de cevada que estava na língua do outro.

Nivaldo desabotoou o cinto e abriu o zíper da bermuda de Marli. A bermuda desceu até o chão. Marli sentiu o membro rígido de Nivaldo se metendo entre suas coxas brancas. Afastou-se um pouco, arriou a calcinha, ergueu uma das pernas para cima de um monte de tijolos e começou a sentir vigorosamente Nivaldo dentro de si.

Mais três semanas foi necessário para que a reforma da casa da patroa de Marli ficasse pronta. Vez por outra, ela e Nivaldo se encontravam dentro de um dos cômodos da casa. Todos os finais de semana encontravam-se, bebiam e amavam.

A mãe de Marli a chamou para uma conversa. Quis saber o que estava acontecendo com a filha.

Se você não está acompanhando as postagens capítulo por capítulo. Recomece pelo capítulo:01.

Confira minha obra publicada no Clube de Autores em

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segunda-feira, 10 de outubro de 2016

OS PÉS DO AMOR

O amor é um animal quadrúpede

Em uma só perna
Vem valsando em minha direção
Feito saci com aquele olhar sacana
Encosta em meu ombro e assopra
Uma canção afrodisíaca em meus ouvidos

Com as duas outras pernas
Entrelaça-me
Joga-me sobre a cama
Faz-me viajar sobre montanhas
E me deixa extasiado até chegar a manhã

Mas falta uma perna?
Eu sei.

É dela que tenho medo
De levar uma rasteira ou
Um chute em uma das nádegas

domingo, 9 de outubro de 2016

SORTEIO PALAVRA É ARTE - NARRATIVAS




Caros amigos do blog ESCRITOS DO CLÁUDIO e do grupo do blog no facebook. Gostaria de oferecer um exemplar da coletânea Palavra É Arte para cada amigo e cada amiga que lê as coisitas que escrevo. E nem sei se minhas criações em prosa ou verso têm algum valor literário.

No entanto, como restam poucos exemplares. Vou promover um sorteio com as seguintes regras para quem deseja ter um de cortesia.

Leia no site RECANTO DAS LETRAS minha narrativa que abre a coletânea, O PLANTADOR DE BANANEIRAS. Acesse no link:



Agora, no meu perfil no facebook, responda-me “inbox” a seguinte questão:
Qual emissora de rádio é mencionada na narrativa?

O sorteio será no dia 18 de Outubro, terça-feira, às 18h00 e informado imediatamente. Se der a gente faz ao vivo.

Assim que chegar as Coletâneas Ponto de Criação e Vendetta da Editora Andross, faremos outros sorteios.


Conto com sua participação.

PEDRA INVEJADA

PEDRA INVEJADA











A pedra é invejada
Enquanto Pedro
Mantém a porta fechada

A pedra é invejada
Enquanto o preço
Sobe em disparada

A pedra é invejada
Enquanto o predador
Mantém a presa afiada

A pedra é invejada
Enquanto no poço
A água está mais minguada

A pedra é invejada
Enquanto o porco
Tem a banha cevada

A pedra é invejada
Enquanto o povo
Tem sua fé enganada

A pedra é invejada
Enquanto a inveja
Deixa a alma envenenada

A pedra é invejada
Enquanto eu

Sou cada dia mais nada