RESISTÊNCIA, INVERNO E PAZ
Trago nesta penúltima pentalogia cinco poemas que falam da
luta e miséria em todo fim degradante da vida humana. Mas as fugas se fazem em
instantes de loucura ou de fosforescentes momentos de paixão.
Boa leitura!
RESTO E RESISTÊNCIA
Entre o espelho e a esperança
Entre conselhos e consciência
Eu que perdi o ritmo da dança
Busco manter minha existência.
Quando até respirar me cansa
Entre o espelho e a esperança
Entre conselhos e consciência.
Eu tento ter alguma paciência
Mas uma degradação avança
Com elegância na decadência
Entre o espelho e a esperança.
OLHOS TRISTES
Meus olhos são tristes
De tanto ver
O último trem partir
Para as estrelas
Ou suas pegadas
Apagadas
Pela poeira
E tudo é inverno
Dentro de mim
E tudo é inferno
Neste meu fim.
TANTO FAZ
Que eu penso
No meu jeito desmedido
No meu cérebro denso
Ando perdido
Coração hipertenso
Eu não sei se fico
Ou se me fermento
Se venço a chuva
Ou me desmancho no vento
E para mim tanto faz
Você é minha cura
Pois é só na loucura
Que encontro paz.
FOGO
Fogo frita
Fogo teima
Fogo grita
Fogo formiga
Fogo amigo
Fogo parente
Fogo não tem
Patente
Fogo frio
Fogo quente
Fogo cio
Ou apenas
Você
Nua
Fosforescente
No meu
Quarto crescente.
PÉTALA 5
PASSOS DEGRADANTES
Todo dia
(faça sol, faça chuva)
Eu desço um degrau
São passos de uma
Degradação
Lenta
Avanço rumo ao nada
Insignificância
De um ser
Que se sovou
Na servidão.
PASSOS DEGRADANTES
(faça sol, faça chuva)
Eu desço um degrau
São passos de uma
Degradação
Lenta
Avanço rumo ao nada
Insignificância
De um ser
Que se sovou
Na servidão.