segunda-feira, 27 de junho de 2022

JANTARES, PILARES E SÃO SEBASTIÃO DA VALA: PENTALOGIA DAS MINHAS PÉTALAS SEMANAIS - XXIII

PENTALOGIA DAS MINHAS PÉTALAS SEMANAIS - XXIII

 

JANTARES, PILARES E SÃO SEBASTIÃO DA VALA 

Poemas são respostas, ainda que sejam questionadores.

Sobre o nosso amor.... Como estamos?

É a Ucrânia... Fagulhas da guerra.

E por que me desmorono... Paredes e pilares.

Um lugar que me encanta... São Sebastião da Vala.

E me resta em um mundo de mentiras... Versos sinceros.

 


COMO ESTAMOS?

 

Sabe aquela história

Que tudo termina

Em pizza?

A nossa não.

 

Você em jantares

De gala

E eu em bares

Bebendo ilusão.

 

XXX

 

FAGULHAS DA GUERRA

 

Eu estava falando

Do encanto das montanhas

Do frescor do vale

Da canção que se cala

Diante dos seus olhos.

 

E aí veio um trovão

O gorjeio bélico

Do pássaro de aço

Lançando bombas

Sobre a nossa poesia.

 

XXX

 

PAREDES E PILARES

 

Penso que as paredes

De um castelo

São sólidas...

Mas não nos meus

Castelos

De areia.

 

Penso que os pilares

De um amor verdadeiro

São firmes...

Mas não no nosso

Que foi diversão

De uma noite

De verão.

 

 

XXX

 

SÃO SEBASTIÃO DA VALA

 

Quase ninguém conhece

São Sebastião da Vala

Quase ninguém conhece

O que há em mim.

 

Quase ninguém sabe

O que me cala

Como bola na trave

Ou comida que entala.

 

Quase ninguém, apenas

Uma única pessoa

Sabe qual grito

Que em mim ressoa.

 

E há muitos encantos

Em

São Sebastião da Vala

Tanto quanto cantos

Dentro de mim.

 

Magia sem fim!

 

 

XXX

 

VERSOS SINCEROS

 

Eles dizem “eu te amo”

Em suas insonsas cantadas

Eles dizem “eu te quero”

Quando não há mais nada

Eu quero ver é garimpar

Versos sinceros

De dentro do coração.

 

Eles dizem “o outro é que faz”

E ilude toda uma cidade

Eles gritam “nós somos do bem”

E a mentira repetida vira verdade.

Eu quero ver é lapidar

Versos honestos

Do fundo da alma.

 

E você sabe muito bem

Que eu somente garimpo

O que é precioso e limpo.

 

E você sabe muito bem

Que eu somente esmero

O que é honesto e sincero.

 

Pois se você não soubesse

Não ficaria comigo nas noites

Em que a mente enlouquece.


PENTALOGIA ANTERIOR

CHUVA, LABIRINTO E VITÓRIA


sábado, 18 de junho de 2022

CHUVA, LABIRINTO E VITÓRIA: PENTALOGIA DAS MINHAS PÉTALAS SEMANAIS – XXII

CHUVA, LABIRINTO E VITÓRIA: PENTALOGIA DAS MINHAS PÉTALAS  SEMANAIS – XXII


Em uma semana de gripe forte e celebrações religiosas, trago em meu versejar a força renovadora de uma chuva (indriso), o preço pelo amor intenso (indriso), o labutar do poeta que assassina seus poemas, a mulher que precisa ir embora por não se encaixar e a consequência do que fazemos.
 
Boa leitura!
 
 
CHUVA
 
Que caia a tempestade forte
Sobre meus canteiros férteis
E faça germinar meus sonhos.
 
Que eu me cure de cada corte
Feito na febre de noites inúteis
Que deixaram sangrias na alma.
 
Que esta chuva por dentro me lave.
 
Que esta chuva para longe me leve.
 
 

 
DENTRO DE UM LABIRINTO
 
Estou dentro de um labirinto
Que o mundo chama de paixão
E não encontro qualquer saída.
 
Meu fim está próximo, pressinto
Ontem dei adeus à minha razão
É na loucura que encontro vida.
 
Ninguém ama muito e sai ileso.
 
Em cada passo eu sinto o peso.
 
 


EM LEGÍTIMA DEFESA
 
Desovo meus versos
Em alguma vala
Do vasto universo.
 
Eu os matei, confesso
Foi em legítima defesa
Pois as rimas meliantes
Por motivos diversos
Tornaram-me cativo
Como em um sequestro
No refúgio dos poetas
Mortos-vivos.
 
 
 
DESENCAIXADA
 
Você não mora em mim
Você não é daqui
É outro o seu lugar
Faça as malas e vá
                            embora.
Embora eu queira
Que o tempo se estique
E queira que você fique
Um pouco mais
Você não se encaixa
Dentro da minha caixa
E nem nos meus
Códigos morais.
 
 
O QUE VOCÊ FAZ
 
O que você faz
Enquanto morre
Com o que se socorre
Quando se fere
O que você bebe
Na mesa de um bar
O que você ora
Diante do altar
O que você manda embora
O que você deixa ficar
Vai virando poesia
E você nem nota
Que a sua vitória
Pode estar na derrota.

 

 OUTRAS PETALAS DE OUTRAS PENTALOGIAS

XX

XXI


Por você ter lido minhas postagem...




sábado, 11 de junho de 2022

ESTRADA, GANGRENA E MARTE: PENTALOGIA DAS MINHAS PÉTALAS SEMANAIS – XXI

ESTRADA, GANGRENA E MARTE: PENTALOGIA DAS MINHAS PÉTALAS SEMANAIS – XXI
 


As estradas são sempre um atentado contra a nossa segurança. Com quem encontraremos? Quem passará por nós? Qual a velocidade? E a dúvida é sempre uma gangrena que atenta contra nossa saúde mental. E que tal a vida em Marte? Seria diferente?
 
Dádiva. Dívida e dúvida. Poesia é isto. Uma dádiva compartilhar com vocês meus versos como se fosse uma dívida, acima de tudo, comigo mesmo. Mas fica uma dúvida. Há poesia nos meus poemas?
 
Permita-me desejar a você uma boa leitura.
 

 
EXPANSÃO

Aprecio com moderação
Os momentos inadequados
A vida que se enovela
Tropeços em passos não dados
Lixo fora do saco plástico
Enquanto monto castelos de cartas
Sobre a água do aquário
Expandindo meu reino
Em universos imaginários.
 
 
CAMINHANTE

Na estrada pequena esburacada
Sou homem sem destino e mochila
 
Frustações casas velhas distâncias dedos tesos
A vida a morte bússolas extremos estreitos
Asas decepadas
 
Olho de lado
E peço para trocar de lugar
Com o espantalho.
 
 
INÚTIL
 
Descavar toda a filosofia
De uma cotidiana fofoca
Enquanto há qualquer lâmpada
Queimada
Para ser trocada
Não faz de mim
Um poeta
E sequer serei
Uma gangrena
Desta síndrome.
 
 
INDEPENDÊNCIA OU MARTE
 
Ou teremos independência
Ou eu irei para marte
Lá sim serei feio igual ao rei
E dormirei mirando o azul da terra
Não terei que ir para a guerra.
 
Em Marte as mulheres são verdes
Dá para beijá-las pensando
Em batidas de abacate
Enquanto na Terra
As melhores são as maduras.
 
Ou proclamaremos a independência
Ou viajarei para Marte
E escreverei crônicas
Como Ray Bradbruy
E como Tomás Antonio Gonzaga
Estarei como em Moçambique
Um degradado
Por ter sido dedado
Pelo melhor amigo na Terra.
 
E quem sabe lá de Marte
Vou continuar amar-te.
 
 
MOTORES EM MIM
 
Você quer me encontrar ao acaso
Veste a jaqueta ofuscante
E parte de moto.
 
As luzes te seguem
Os postes te espiam
Tanta gente na calçada
E nenhum rosto te para.
 
Penso em saltar
Para encontrar o vazio da queda
Mas o ronco da sua moto
Acionam motores em mim
Que não funcionam sem você.


sábado, 4 de junho de 2022

SORRISO, SOPRO E TROVÃO: PENTALOGIA DAS MINHAS PÉTALAS SEMANAIS - XX

SORRISO, SOPRO E TROVÃO: PENTALOGIA DAS MINHAS PÉTALAS SEMANAIS – XX
 

Hoje em nossa Pentalogia poética falo da hipocrisia do mundo que prefere quem sorrir e rejeita o pensar. Falo também de como a vida premia e nos derruba do trono. Coisas que fazem o homem ir se degradando, se violentando por dentro na sua dose diária de um lento desfazer-se.
Boa leitura.
 
ESPINHOS DA SOLIDÃO (INDRISO)
As lágrimas caem dos meus olhos
Como folhas de um verão qualquer
Há um outono dentro de mim!
 
Páginas felizes foram arrancadas
Deixando um grande vazio na vida
Traças ou vermes? Não importa mais.
 
Havia um aroma de primavera em nós.
 
Mas só me restou os espinhos da solidão.
 
*****
SOPROS DE VIDA (RONDEL)
No tempo sopros de vida
E no suspiro uma história
Na espera talvez a saída
E na timidez uma vitória.
 
Morando nesta memória
A nossa felicidade retida
No tempo sopros de vida
E no suspiro uma história.
 
Mas e a palavra não lida?
Aquela tida como escória
Toda dor nela tão contida
Como verdade tão notória
No tempo sopros de vida.
 
***
DILEMA DO PREMIADO
 
Agora que a vida me premia
Dando-me fragmentos do paraíso
Eu sei que tudo vai passar
Eu sei que tudo vai acabar
E eu ficarei com saudade apenas.
 
Bebo do licor mais saboroso
Mesmo sabendo
Que a embriaguez já vem
Em passos largos
Abraçar o corpo sem vontade.
 
Agora que a vida me agracia
Laureando-me com honras sólidas
Eu sei que amanhã será novo dia
Eu sei que o futuro é só utopia
E estarei espanando poeiras apenas.
 
Nutro-me do maná mais delicioso
Com uma certeza
De que pão é menos que poesia
E eu estarei precisando de jejum
Justo agora que a vida me premia.
***
 
ESCUTO UM TROVÃO
 
Todo dia eu me estrago
É um violentar-me sempre
E quase aniquilado eu vago
Pelas trevas entre engrenagens
De um mundo que devora seres.
 
Ainda acho que dá para cultivar
Uns jardins sobre calçadas frias
Colher flores para saudar o sol
Enquanto dentro tudo apodrece
Como um cadáver em decomposição.
 
Todo dia eu me entrego
Já não aguento mais por em mim
Toda culpa pelos erros de todos
E choro gotas de sangue
Manchando as veredas do meu sertão.
 
Ainda penso que vamos abrir a porta
E deparar com um mundo diferente
Crianças brincando sobre o asfalto
Mas escuto um trovão ao longe
E um relâmpago cega meu entusiasmo.
 
***
SORRISO OFUSCANTE
Ele era um rapaz simpático
Que adorava possuir sapatos
Em sapateiros seus vários pares
Comprados-ganhados-roubados
Ele era um rapaz simpático.
 
Sorria para a cidade inteira
Sorria vinte e quatro horas
No trabalho-culto-redes
Ele era um rapaz simpático.
 
Capturou uma bela criança
Arrancou-lhe toda a pele
Curtiu-moldou-costurou-curtiu
E não tinha sido a primeira vez.
 
O seu sorriso ofuscante
Sugava a atenção de todos
Ninguém ouvia de seus pés
O choro das vidas tenras.
 
Ele era um rapaz simpático
E por isto, ninguém via morte
Em suas pegadas.