domingo, 30 de julho de 2017

Como Não Escrever Histórias Ingênuas? I Sacadas Literárias #2

DESILUSÃO & SOLIDÃO (TRINCA DE POEMAS)




APENAS POESIA


Enquanto o amor flui
Minha poesia em nada influi
Apenas flutua
Feito bruma
Pelo vento aberto

Enquanto o amor vaga
Minha poesia divaga
Pelas ruas de concreto restrito
Entre gritos de socorro
E a insônia de um apito

Enquanto o amor evapora
Minha poesia não se apavora
Não é olhar que chora
Mas hora de ver a vida que rasteja
Sobre uma litosfera
Quente por dentro e fria por fora

Enquanto o amor nos decepciona
Minha poesia é lente que espiona
Cada vestígio de luta
Cada gruta da crosta
E não se furta
De ser apenas poesia







OUTRA DIMENSÃO


Não há nenhum risco
Em atravessar a ponte
Eu não confio na fonte
Pode ser falsa informação

Por isso eu sempre arrisco
Dar um passo a frente
Pode não ser tão urgente
Mas tenho muita aflição

Não quero ser mero petisco
Nesse escabroso banquete
Pode até ser meu cacoete
Essa minha repetição

Eu só busco um aprisco
Fora dessa nossa realidade
Pode ser perda de sanidade
Tentar ir à outra dimensão

Eu fico feito pássaro arisco
Dentro dessa nossa gaiola
Tudo que aprendi na escola
Não passou da decoração

Apesar do seu chamarisco
Vou partir daqui a pouco
Não me tenha como louco
Apenas sigo minha intuição





O TEU ADEUS

Eu varri para debaixo do tapete
A tristeza que me assolava
Sei que não vai adiantar
Vai ficar a tristeza debaixo do tapete
Junta com tantas outras tristezas
De tantos outros dias

Mas o ato de varrer
Talvez seja terapia
Talvez deixe meu coração alvo
Por alguns instantes
Entre o último balanço da vassoura
E a próxima mosca
A pousar na minha sopa

Pois com o teu adeus
Eu já me acostumei!


Poemas postados no site RECANTO DAS LETRAS, visite minha páginas:KLAUS MENDES

terça-feira, 18 de julho de 2017

O PREÇO PELA PRIMEIRA VEZ - CAPÍTULO VII

Era pouco mais de duas horas da tarde quando o balconista deixou a mercearia e seguiu para a casa ao lado. Bateu palmas e foi recebido por uma moça sorridente que deixava transparecer a tentativa de ser gentil.
         A casa era realmente pequena. Possuía um banheiro que mal dava para se locomover dentro dele, uma cozinha só com os moveis necessários e sala uma mesa envernizada com quatro cadeiras mais a cama do irmão mais novo de Meire. No quarto uma cama de casal e um guarda-roupa de duas portas com alguns cantos com o compensado solto.
         Os dois jovens sentaram na cama da sala com a porta fechada.
         Meire puxou assunto:
         — Quanto te falei sobre os livros, esqueci-me que havia emprestado o pouco que possuo, só estou com um aqui em casa. Ele está velho e rasgado.
         — Olha, sabe que eu não faz mal, eu vou ler assim mesmo.
         — Afonsinho — Meire começou a falar num tom meigo, romântico. — eu não queria que você lesse apenas livros de romance. Eu preferia que você vivesse um romance, comigo de preferência.
        
Mais uma vez Meire não sabia de onde vinham as palavras.
         Surpreso, Afonsinho a olhou mais atenciosamente e seu olhar perdeu-se na pele loira de Meire, indo parar nos seus seios alvos que pareciam querer pular para fora da camiseta.
         Antes que os maus pensamentos viessem à tona na cabeça de Afonsinho, sentiu em sua boca o hálito de Meire com gosto de creme dental e o primeiro de vários beijos aconteceu.

         Poucos instantes depois dois corpos nus fundiam-se ali mesmo na cama da sala. Pela primeira vez Afonsinho recebeu tudo que uma mulher ousada pode oferecer em momentos de excitação.

sexta-feira, 7 de julho de 2017

EcoSys - Darda Livraria

EcoSys - Darda Livraria: Autores: 27. Simplesmente Sys/Aila Brito/Ana Maria Marques/Anagui/Cleir Santos/ Dinapoetisadapaz/Dolores Fender/Élia Macêdo/Esther Lessa/Evânia Medeiros /Guida/Helena Luna/Ilda Maria Costa Brasil/Josefa Felix/Kátia Teles /Klaus Mendes/Leandro ...

quinta-feira, 6 de julho de 2017

UM RETRATO D'EU MESMO


Minha chegada aqui na terra
Foi algo esplêndido, triunfal
Num sábado frio de agosto
O ano caminhando pro final
Eu nasci para vencer na vida
Apesar de tão dura seja a lida
Eu venço cada batalha campal

Cheguei pelas mãos da parteira
Aquelas santas mãos abençoadas
Fez todo o trabalho de parto
Era sua missão naquelas paradas
Trabalhou com jeito e destreza
No seu rosto nenhuma tristeza
Eram alegria as lágrimas choradas

Logo que nasci fui me amamentar
Da seiva vinda do sangue materno
Eu sentia um pouco de frio, verdade
Afinal, no hemisfério sul era inverno
Leite para um bebê frágil e pequeno
Antídoto a cortar efeito de veneno
Nesse meu labutar que parece eterno

Vivi a infância no córrego do Cedro
Lugar bonito entre grotas e capins
Tinha uma vaca chamada Mansinha
Pelo pasto entre murundus de cupins
E no córrego lambari sempre tinha
No terreiro o ciscar torto da galinha
Havia patos, marrecos e aves afins

Mas cresci e vim para a cidade
Tentar estudar e crescer na vida
Enfrentei a chacota dos colegas
E a brincadeira às vezes doída
Mas das aulas tirei aproveito
Todo dia o dever estava feito
A lição da escola foi aprendida

Na vida é que se estuda de fato
E todo dia tem uma nova lição
É preciso escrever na linha certa
Não adianta ficar na lamentação
Se acaso errar, é preciso refazer
Saber na lida tirar o seu prazer
E não deixar o prazer virar ilusão

Agora casado e pai de família
Ainda tenho sonho e esperança
Que depois de cada tempestade
Haja momentos de pura bonança
E sigo feliz apesar da cara fechada
Mas minha cara é apenas fachada
Pois meu coração parece de criança

SÉRIE: O CORDEL DE COSTA FERREIRA