sexta-feira, 23 de novembro de 2018

LIGAÇÃO À PEQUENA DISTÂNCIA PARA COBRAR


LIGAÇÃO À PEQUENA DISTÂNCIA PARA COBRAR



            —Alô, Martielly.
            —Não, você não é real. Você morreu há dez meses, você está morto. Eu preciso me consultar com um psicólogo.
            —Eu sei que eu morri. Não precisa me lembrar disso. Eu lembro bem da sua máscara de tristeza enquanto você gargalhava por dentro. Você foi a última imagem de alguém vivo que vi antes da primeira pá de terra sobre meu rosto abaixo do vidro da tampa do caixão. Mas você não foi tão viva assim depois que morri. Matou-me trocando meus remédios por outros comprimidos feitos da farinha de trigo, conseguidos pelo seu amante com um médico fajuto. Você pensa que eu não fiquei sabendo? Depois que a gente morre, descobre-se o quanto de maldade se faz contra a gente.
            — Não foi bem assim. Eu te amei por algum tempo.
            — Você não sabe o que é amor. Eu também nunca te amei, apenas precisava de uma mulher bonita só para ficar bem nas fotos durantes os jantares enfadonhos da minha agenda. Se você soubesse amar de fato, amarrar o coração de um homem com sua sedução, o bobão do seu amante não teria te dado o golpe. De que adiantou você me matar? Agora está aí prestes a perder a última coisa que ainda te resta, a nossa casa de campo. Amanhã ela será leiloada pelo que estou sabendo.
            — Para quem já foi para o céu, você está sabendo demais.
            — Quem te disse que eu fui para o céu? Não querida, eu não fui para o céu.
            — Pro inferno, então?
            — Não, chuchuquinha. Eu não fui bom o suficiente para merecer o céu e nem mau o bastante para ser despejado no inferno. Eu estou vindo do purgatório.
            —Vindo? Como assim? Vindo para onde? E eu odeio quando você me chama de chuchuquinha. Deixe-me em paz, por favor.
            — Calma meu benzinho. Estou em liberdade condicional.
            — Você sai ao dia e volta à noite?
            — Não, saio à noite e volto ao dia.
            — Sai para quê?
            — Depois de algum tempo no purgatório, você recebe uma proposta. Ou você perdoa todos que te traíram e vai para o céu, ou você volta para se vingar. Advinha o que eu escolhi.
            — Já sei, você está se despedindo de mim antes de ir para o céu.
            — Resposta errada.
            — Vou está vindo vingar-se de mim?
            — Já estou aí.
            — Onde.
            — No lugar em que você escondeu seu amante naquele dia em que eu tentei te pegar no flagra.
            — Dentro do guarda roupa?
            — Isso mesmo, a dois passos do seu pescoço. Agora apenas um.
            — Ah não, por favor.


quinta-feira, 15 de novembro de 2018

CONTOS DE UM NATAL SEM LUZ - VOL. 5

Uma vila, 20 casas, vinte histórias que mostram que nem todos podem ter a alegria de um verdadeiro Natal.
Vinte autores selecionados criando contos dramáticos que vão te fazer refletir sobre como pode ser a tão sonhada noite de Natal.
Publicação EDITORA ILLUMINARE - 100% Gratuita.
Ebook gratuito no site da editora após lançamento da obra em 8 de dez de 2018 - 14:00 - Biblioteca Viriato Correa - São Paulo - SP.



Casa 1 – Lorena Caribé – Conto: Uma Vida Nova
Casa 2 – Eloisa Alcântara – Conto: A Ceia
Casa 3 – Carlos Asa – Conto: Um Presente Amargo
Casa 4 – Tatiana Honorato – Conto: Façam Silêncio
Casa 5 - Mhorgana Alessandra – Conto: Voa, Voa, Joaninha
Casa 6 – Márcia Pavanello – Conto: Natal dos 15 Anos
Casa 7 – Adnelson Campos – Conto: Mais uma Chance
Casa 8 – Marissol Lorenço – Conto: O Natal do Palhaço Exilado
Casa 9 – Nicole Ayres – Conto: O Duende
Casa 10 - Bárbara Lúcia – Conto: A Espera
Casa 11 – Ro Mierling – Conto: Menininha
Casa 12 - Regiane Silva – Conto: Os Presentes de Natal
Casa 13 – Deborah Petrova – Conto: Eu não Tive Culpa
Casa 14 – Fernando Callado – Conto: A Última Casa da Vila
Casa 15 - Srta. Mendes – Conto: Santa Claus
Casa 16 – Sergio Mattos – Conto: O Corpo que Fala
Casa 17 – Michelle Fagundes – Conto: Girassóis
Casa 18 – Claudio Mendes – Conto: Na ausência de Esperanza
Casa 19 – Susan Cruz – Conto: O Pinheirinho
Casa 20 – Rudson Xaulin – Conto: Banquete de Sangue