terça-feira, 29 de dezembro de 2015
DE GERAÇÃO EM GERAÇÃO
Amanhã será um novo dia
Cedo ou tarde, o tempo passa
Rótulos e ritos de fachada
O rosto por detrás da vidraça
Somente uma flor não basta
Tudo que não une, afasta
Ironia do destino no conto
Contado de geração em geração
A história está sendo moldada
Na vida ainda em gestação
Dentro de um grito desesperador
Outro grito expressa a dor!
Da série: ACROSTICANDO.
A MESMA CANÇÃO
A gente busca felicidade
Caminhando sempre em frente
Rompendo horizontes farpados
Ouvindo um som estridente
Selva de concreto, essa cidade
Todo dia é dia de maldade
Indo e vindo por ruas e avenidas
Caminhando sempre em frente
A gente busca a felicidade
Naquilo que julgamos decente
Diante de tanta ilusão
Ouvindo sempre a mesma canção
Caminhando sempre em frente
Rompendo horizontes farpados
Ouvindo um som estridente
Selva de concreto, essa cidade
Todo dia é dia de maldade
Indo e vindo por ruas e avenidas
Caminhando sempre em frente
A gente busca a felicidade
Naquilo que julgamos decente
Diante de tanta ilusão
Ouvindo sempre a mesma canção
segunda-feira, 28 de dezembro de 2015
NATAL & AS TRÊS VIRTUDES TEOLOGAIS
Levei meu filho mais novo, juntamente
com minha esposa, para vermos os enfeites de natal na principal praça da
cidade.
Confesso que ficou bonito. Os litros
PET foram bem aproveitados, bom como o presépio no lado oeste e a árvore de
natal no lado leste tendo com haste uma velha palmeira.
Chegamos à pracinha por volta das
oito e meia da noite. Vazia. Apenas alguns casais passeando por ali com a mesma
intenção que nós.
Uma pequena fila se formou em volta
do presépio, umas cinco crianças contando com meu filho. Tiraram-se fotos com
José e Maria e os três reis. Na manjedoura um boneco branco, pálido mesmo,
representava o recém-nascido, o Menino Jesus.
Comecei a comentar com minha esposa
sobre a mudança dos tempos. Início dos anos noventa, quando começamos a
namorar, por uma hora dessas a pracinha estaria cheia, muito cheia. Agora os
jovens deixam para sair de casa às dez da noite. E como não deixar? Privar um
adolescente de divertir como nós vinte anos atrás? Determinar horário para
voltar enquanto todos ainda estão em casa? Melhor educar com liberdade e
responsabilidade. Confiar nos diálogos sinceros com os filhos. Confiar que
nossos filhos são capazes de saber se safar dos embaraços da vida, assim como
nós mesmos nos safamos muitas vezes.
Precisamos esperar, e esperamos indo
a uma lanchonete lanchar. Usa-se fazer isso agora quando se sai com filhos. Um
hambúrguer ou x-bacon. Uma refrigerante ou suco de laranja. Foi bom quando se
vai, depois de dez anos de promessa, ao bar do nosso padrinho de casamento.
Cumprimos uma promessa em 2015 ao menos.
O meu espanto foi quando voltamos
para a pracinha. Já era então dez e quinze. Agora sim, jovens, muito jovens,
muito mesmo, na quantidade e na idade. Algumas canecas de bebida alcoólica
começavam a surgir aqui e ali.
Mais uma vez demos uma olhada nos
enfeites de natal. Tiramos mais fotos. Então vi lá no cantinho da praça um
casal passar despercebido entre as mesas do bar. Estavam vestidos de forma
simples e grávidos. Então pensei comigo: E se esse casal fosse Maria e José e
nessa noite, nessa cidade, Jesus fosse nascer novamente? Por quais motivos o
Verbo de Deus voltaria a se encarnar?
Não, definitivamente, não eram José e
Maria, em direção a alguma manjedoura para dar a luz ao Nosso Salvador.
Mas que pode ter sido um sinal, ah,
isso sim.
XXXXXXXXXX
Por detrás do Hospital César Leite em
Manhuaçu está localizada a Rua Alceste Nogueira da Gama, povoada por
laboratórios, farmácias e clínicas assim como todas as ruas próximas ao
hospital.
Estava eu, pais e esposa em uma
dessas clínicas por motivo de força maior nessa última semana do ano.
Entre fazer o exame e pegar o
resultado, deu tempo de voltar à pequena lanchonete ao lado da clínica. Cada um
pensava que o outro estava com fome, era por volta das onze e meia.
Ao longe, no fundo da rua, vi um
homem de roupa preta, bermuda e camisa, calçado com tênis, touca na cabeça e
trazendo uma vasilha na mão em companhia de outro homem troncudo, batendo
palmas de casa em casa, parece que estavam pedindo comida.
Foi lembrado de ligar para casa,
tirei o celular do bolso e disquei. Senti o coração gelar e segurei meu celular
com firmeza quando vi o homem de capuz vindo em direção à mesa em que eu estava
sentado. Foi aí que percebi que se tratava de um senhor, e não de um jovem como
o seu vestuário me induziu a pensar.
Nessa hora levantei e voltei para a
clínica a fim de pegar o exame e quando voltamos, o dos homens já estavam na
outra rua, pela qual passaríamos par ir até o estacionamento pegar o carro,
pedindo para duas velhas senhoras na sacada do segundo andar de uma casa
razoavelmente chique, um pouco mais de arroz. Em certo momento passaram a pedir
pelo amor de Deus.
Parece-me que as duas senhoras não
queriam ouvir os dois homens. Parece-me que torciam para que fossem incomodados
pelo trânsito. E o interessante que, apesar da rua ser movimentada, ficou uns
dez minutos sem que um carro viesse incomodá-los no meio do logradouro de mão
única. Parece-me que Deus estava querendo oferecer a essas duas senhoras da
sacada a oportunidade de exercer uma das três virtudes teologais, a caridade,
já que os dois homens estavam exercendo as outras duas: fé e esperança.
sábado, 26 de dezembro de 2015
CONSELHO DE CLASSE
(da série: Dr. Ramos)
Já passa das
duas horas da manhã, José Roberto Ramos, conhecido no meio policial como Dr.
Ramos ainda estava acordado. O doutor ele faz questão, afinal, fez doutorado em
criminalística na Universidade de Bolonha, Itália. Ele é do grupo que entende
que o título de doutor é apenas para quem tem doutorado e não para qualquer
profissional de curso superior como costumam se aplicar por aí. Essa é a birra
dele com os advogados. Bem, com doutorado, o que ele faz em Mutum, uma cidade
espremida entre a fronteira de Minas Gerais com Espírito Santo? Nem ele sabe,
mas como detetive da Polícia Civil de Minas Gerais, prefere os casos de
interior. Não que o interior seja tão calmo. Ao contrário, o argumento do
Secretario de Segurança Publica na época em que designou para essa região foi o
grande número de homicídios ocorridos nessas plagas. Sim, Dr. Ramos é
responsável por uma grande região no leste de Minas Gerais.
Em sua
televisão estava passava a sua série favorita, Castle. Ele grava todos os dias
e todas as noites assiste ao menos uns três episódios. E aí seu celular tocou.
Três rapazes
entre vinte e dois e vinte e três anos foram encontrados mortos dentro de um Fiat
Uno estacionado em uma estradinha secundária no córrego da Ponte Alta, não tão
distante da cidade. Todos foram baleados impiedosamente. Pela posição dos
corpos, o que estava no volante foi baleado primeiro. Depois o carona que
parece que estava tentando sair do carro e depois o que estava no banco de
trás. Cada um levou dois tiros.
A primeira
coisa que Dr. Ramos fez foi avaliar e deduzir como tudo se deu. Todos tinham um
tiro certeiro na cabeça e um tiro no peito. Mas por que um tiro na cabeça e um
tiro no peito? Deduziu o detetive que primeiro o assassino, isto é, se for somente
um, chegou e deu um tiro em cada um e depois já com o domínio da situação,
resolveu dar um tiro, mais próximo na cabeça de cada um para certificar-se que
o serviço estava feito.
Pediu os
policiais para não andar muito em volta do carro, queria manter intactas as
marcas dos pneus, tanto do Fiat uno como a marca do assassino. Havia marcas de
moto também. Se for só uma moto, então deve ser de no máximo dois assassinos.
Mas parece que a moto tinha parado. A possibilidade de ser somente um então não
estava descartada.
Outra
questão que se deve considerar é o cigarro de maconha ainda aceso na mão do
motorista. Certamente estavam ali puxando um baseado básico.
O pessoal da
autopsia já estava no local. Com eles haveria mais conclusões.
Dr. Ramos
voltou para casa, deu aquela dormida peculiar de duas horas e precisamente às
sete e meia da manhã já estava em seu posto de trabalho na delegacia.
A essa
altura já tinha levantado o nome dos três rapazes assassinados. O motorista era
Samuel Cordeiro, que de cordeiro tinha muito pouco. Era motorista do caminhão
de entrega em uma loja de material de construção. Também era o dono do Fiat Uno
ano 2008, documentação em dia. Solteiro, pai de uma filha com dois anos de
idade.
O carona da
direita, possivelmente o segundo a ser baleado, era Adauto Gomes, ajudante de
pedreiro, ou seja, servente de pedreiro como chamam na região. Casado e pai de
uma criança com três anos de idade. A questão era: O que um homem casado e
trabalhando em um serviço tão cansativo estava fazendo em plena quinta-feira a
noite naquele lugar? Satisfazendo o vício, lógico.
O defunto
encontrado na parte de trás era Bruno Vieira, técnico em eletrônica, tinha
feito um curso por correspondência depois que se formou no ensino médio há
quatro anos na escola pública da cidade, e estava a mais ou menos um ano se
mantendo do seu oficio autônomo, trabalhando na pequena garagem de sua casa.
O
questionamento próximo de Dr. Ramos a si mesmo foi. Como se conheceram? A
informação de que todos tinham o ensino médio apenas levou a descoberta de que
foram colegas nos últimos dois anos de escola.
Agora é hora
de levantar a motivação do assassinato.
No dia
seguinte foi dia de depoimento das famílias e de ler o relatório dos peritos
das análises criminais.
Primeiro item
a considerar: todos estavam fazendo uso de maconha. Podemos investigar então se
foi um acerto de contas com o tráfico de drogas. Outra conclusão que os tiros
foram dados em rodízio. O assassino baleou todos os três com um tiro na região torácica
e depois voltou dando um tiro na cabeça de cada um para fazer o serviço de
fato. O terceiro fato levantado foi que havia rastros de apenas uma moto além
do carro em que as vítimas estavam.
Nesse
momento as peças do quebra cabeça estão todas espalhadas, era preciso juntar para
ver aonde ainda faltam peças.
Vamos aos
depoimentos dos familiares. A mãe de Samuel revelou que ele estava tentando
voltar com a mãe de sua filha, mas que segundo estava sabendo, ela estava sendo
amante do Pedrão. Um brutamonte no morro da Esperança e que tinha dado um
recado para que a deixasse em paz.
No
depoimento da irmã de Adauto Gomes foi o mais relevante naquele momento. Ela
deixou escapar uma dívida com o tráfico de drogas e as ameaças de um
traficante. Apertada para revelar quem era o traficante que estava ameaçando, o
nome de Pedrão foi novamente citado.
Os
depoimentos dos familiares da terceira vítima pareceram menos esclarecedores.
Apenas casos envolvendo paquerinhas. O rapaz era boa pinta.
Pedrão
passou a ser a peça chave. Seja pela dívida de Adauto com seu negócio, seja
pelo caso com a ex de Samuel. Toda a polícia de Mutum sabia que Pedrão era a
chefia do tráfico no morro da Esperança, porém a barra lá não era tão pesada,
era administrável no jargão do delegado. Há outro morro na cidade em que o
tráfico joga mais duro.
Para a
polícia atrair Pedrão para o depoimento, usou-se o argumento que ele conhecia
os três por ser muito querido na comunidade. Pedrão atendeu a intimação sem
receios e foi à polícia na hora marcada. A tranquilidade do brutamonte levou
Dr. Ramos ao seguinte raciocínio: “Ou ele não tem nada haver com o crime ou
aprendeu a arte de representar muito bem”.
Nada no
depoimento de Pedrão deixava claro que teria sido ele. Em off confessou a
ameaça a Adauto, mas revelou que a dívida era pequena e que não valia a pena
ter um cadáver chamando atenção da polícia, portanto jamais executaria a
ameaça. Era apenas para cumprir o ofício da atividade. Quanto à ex de Samuel
também admitiu o caso, mas como tinha em geral a mulher que queria, estava
pensando em deixa-la de lado. Era apenas diversão. Não valeria também
assassinar o ex. O problema então era deles.
Dr. Ramos
foi tomar um café depois do depoimento de Pedrão. Não queria admitir que não
foi Pedrão, mas estava muito difícil dizer que foi.
Esse caso ia
dar mais trabalho que o habitual. Vamos então às ligações dos celulares. Havia
aprendido os celulares. Esse procedimento agora é padrão por aqui. Todo mundo
liga para todo mundo. Todo mundo fala com todo mundo. Quem teria falado com os
três nos últimos momentos de suas vidas, ou seja, na última semana pelo menos.
No celular
de Samuel prevalecia ligações para a ex. Sempre ele insistindo para que ela
voltasse, e ela chegou a ameaçar de falar para Pedrão. Aí vem o desespero do ex
nas próximas ligações. Era um blefe da mulher ou ela estava tendo mesmo um caso
com o criminoso?
No celular
de Adauto não muita coisa interessante. Mas pelas ligações entre eles,
percebeu-se que Adauto foi o mentor do encontro naquela quinta-feira para
fumarem o baseado. Foi ele que levou o barato. Tinha negociado com Pedrão parte
da dívida e parcelado as demais.
Mas, peraí, o que é isso? Indagou Dr. Ramos.
Em uma das
conversas entre Adauto e Brasinha, uma espécie de segundo homem no tráfico do
morro da Esperança, Adauto menciona a possibilidade de pagar a dívida com um
Fiat Uno. E pela descrição parecia ser o Fiat Uno de Samuel.
Melhor
desconsiderar. Não há nenhuma evidência que esse plano de Adauto tenha se
consumado. Os três formam mortos quase simultaneamente. Nenhuma possibilidade
mesmo.
Bem, vou dar uma olhada nas conversas
do garanhão, por curiosidade, é claro. Dr. Ramos começou a ler as transcrições das ligações do
celular de Bruno. Muita melação. Benzinho, filezinho, meu homem, essas coisas
que são ditas com a finalidade de descolar uma boa transa. Mas teve uma que
chamou atenção:
_Desconfio
que meu marido esteja sabendo.
_Como assim?
_Ele tem me
olhado com o olho meio torto. Há duas semanas que não me procura mais.
_Como que
ele ficou sabendo?
_Não sei. Só
desconfio. Estou te ligando para a gente dar um tempo. Entendeu.
_Mas se ele
já estiver sabendo?
_Então é
melhor você ir embora de Mutum. Ele é muito ciumento. Lembra aquele caso lá de
Centenário?
_Sei.
Naquela época, se não fosse os conselhos da mamãe. Ele tinha apagado o cara.
_E olha que
o cara só me deu uma cantada. Agora imagina se ele fica sabendo de nós dois.
_Mas será
que o fato de eu ser irmão dele, ele teria coragem de me matar?
_Não sei. É
meu marido. Mas eu não sei o que se passa dentro da cabeça daquele homem.
Sobretudo carregando um chifre.
_Olha que
enrascada você me colocou.
_Eu não.
Você é quem quis.
_Claro. Você
se ofereceu.
_Mas tinha
que ter pensado que eu sou a mulher do teu irmão.
_Você é que
tinha que ter pensado isso.
_Você não
sabe o que é uma mulher tarada por um homem como você.
_Tchau.
Senão daqui a pouco você me convence a ir à sua casa.
_Vem. Eu tô
sozinha.
Bruno
desliga o telefone.
Essa
conversa foi na manhã de quinta-feira que ocorreu o triplo homicídio.
Agora o angu encaroçou de vez. Pensou Dr. Ramos. A questão é: se
chamar o irmão de Bruno para dar depoimento era expor para ele uma situação que
ele então desconhecia, ou não. Bem, nesse caso vamos chamar a mulher aqui.
No dia
seguinte Gorete deu seu depoimento. Falou abertamente do caso dela com Bruno e
do receio que tinha de Bernardo ficar sabendo de tudo. Seu marido era um homem
complexado. Achava-se mais feio que Bruno. Não tinha nem dez por cento de
sucesso com as mulheres que Bruno tinha. E ela resolveu experimentar também o
rapaz que já tinha ficado praticamente com metade das mulheres do bairro. No
entanto não achava que era ele.
Na cabeça do
Dr. Ramos passou também a hipótese de que poderia ser Gorete. Com receio do
caso dela com o cunhado ser descoberto, poderia ter pedido o serviço para outro
amante. Ela deveria ter pelo menos mais uns dois amantes. Cara de safadinha,
ele tinha.
Meio que sem
jeito para esgotar o caso. Dr. Ramos começou a pensar em outras possibilidades.
Eram colegas na escola e não eram bons
alunos. Vou ver o que descubro da vida de estudantes deles.
Foi até a
escola puxar a vida estudantil dos três. Ficaram sabendo que eram muito
folgados. Passando sempre pelas beiradas. No último ano na escola não foi
diferente, narrava a diretora. Eles passaram de ano por que hoje em dia nas
escolas públicas só se reprova quem quer. Na atual política educacional, o
professor que não passar o aluno sofre uma espécie de punição. No entanto os
três eram os únicos da sala que não conseguiu passar em tudo, ficando
reprovados em matemática. Mas há uma resolução que quando aluno fica apenas em
uma disciplina, faz-se a média global dele, e se der, ele é aprovado mesmo não
passando naquela disciplina. Comentou a diretora que o professor de matemática
ficou bastante chateado com esse fato no conselho de classe.
Dr. Ramos
pegou o nome do professor. Era o professor Renato Pessoa. Bom professor de
matemática, mas que tinha tido muito trabalho com os três durante o ano.
Aposentou-se há dois anos.
Esse nome
caiu como um mapa nos pensamentos do Dr. Ramos. Voltou para a delegacia e
vasculhou a pasta que continha os depoimentos. Levantou se algum deles tinha
ficha criminal. Só agora tinha dado conta disso. Havia uma única coisa. Um
boletim de Ocorrência (B.O.) feito por dona Maria Lúcia Pessoa, esposa do
professor.
Dr. Ramos
pegou seu carro e dirigiu-se até a casa do professor a fim de falar com a
esposa sobre o B.O.
_Bem, era
natal e nós estávamos passeando com nosso neto na pracinha. Estávamos com ele
para ver os enfeites de natal. Então se aproximou de nós esses três rapazes,
embriagados, e começaram a insultar o Renato. Coisas do tipo: “Aí seu babaca,
queria nos reprovar.” “Viu, foi só puxar o saco dos outros professores”. “Viu,
professorzinho de merda, seu colegas não te ajudaram contra nós.” Teve um que
chegou a dar um empurrão com força no meu marido que caiu. Fiz o B.O. para
abrir um processo por danos morais. Mas Renato não deixou. Disse que faria
justiça com as próprias mãos quando estivesse aposentado. Por assim poderia
pagar na cadeia. Que mataria aqueles três. Essa vingança valia pela pena que
viesse a pegar. Seria menos trabalhoso se defender de um crime que processar
alguém por danos morais. Deixamos para lá. Pera aí, esses meninos não é os que
foram mortos quinta-feira? Vocês não estão pensando que foi meu marido, estão?
As marcas de
pneu próximo ao Fiat Uno era de uma Bros e Renato foi preso voltando de seu
sítio, pilotando justamente uma Bros.
quinta-feira, 24 de dezembro de 2015
POESIA & PROFECIA
E o Verbo se
fez Carne...
E a carne se
fez eucaristia...
Mas não só
de pão vive o homem,
Mas de toda
palavra...
Que se
transforma em poesia...
Que se
transforma em profecia...
NA ESTAÇÃO ERRADA
terça-feira, 22 de dezembro de 2015
TIQUIM TWO
Todo mundo quer... a cura
Todo mudo está... a procura
Convite de união... casório
Convite de despedida... velório
Perdido nesse mundo... insanidade
Perdido pelas ruas... insana cidade
Todo sofrimento gera... lástima
Todo sofrimento goteja... lágrima
CARTAS AO CAMARADA OLEV II: UTOPIA É FUNDAMENTAL
UTOPIA É FUNDAMENTAL
Mutum, 22 de dezembro de 2015
Caro Camarada Olev
Verdade que você já me enviou três cartas e até agora eu
não te enviei nenhuma. Volto a te escrever cinco meses depois da primeira
missiva de minha parte. Prometo amiudar nossas correspondências.
Você me pergunta como anda as coisas por aqui. As coisas
por aqui não tem andado. As coisas por aqui têm rodopiado em torno do tema
corrupção. O Brasil está em crise. Descobrimos que tem corrupção em tudo. Tem no
basquete, tem no futebol, tem no voleibol e tem no governo federal e nas nossas
câmaras municipais.
Mas a vida segue. Eu fiz um compromisso de somente
participar da política eleitoral depois de aposentado. Aqui no Brasil a gente
não tem liberdade de expressar o que queremos.
Como disse George Orwell em Dias de Birmânia: "Você é livre para virar um bêbado, ocioso, covarde, maledicente,
fornicador; mas não é livre para pensar por si mesmo."
Ando mais envolvido com literatura. Tem um site chamado
Recanto das Letras em que posto alguns poemas.
Mas por falar em Carta, você ouviu falar da carta do
vice-presidente Michel Temer para a Dilma, choramingando sua falta de espaço na
atual política e que a carta vazou. Aí lembrou um escritor da Bahia, que fundou
o estilo Poetrix, de poemas de Michel
Temer em seu livro.
O impeachment no Brasil é um imbróglio sem fim. Parece que
a impressa facista está jogando a toalha. Parece que o Eduardo Cunha
arrependeu-se de ter metido a colher enferrujada na briga de cachorro grande,
julgando ele, ser um pastor alemão. Nem é pastor de fato e nem é alemão. Desmoralizou
os evangélicos ao misturar demasiadamente religião com política. Não dá para
implantar um Estado Cristão no Brasil como se fosse um Estado Islâmico, que
fica aí bem pertinho de você. A Bulgária parece está neutra na confusão da
migração aí no velho mundo.
E burgas? Como vai essa cidade maravilhosa em que você
mora? Depois que eu me aposentar, daqui a nove anos, antes de retornar a minha
militância política, irei aí te visitar, no verão de preferência. Desfrutar das
belas praias do litoral do mar Negro. Tem que ser em julho, lógico, pois é
verão aí no hemisfério norte, depois você vem aqui no Brasil, me visitar em
dezembro ou janeiro. É verão por aqui. Na terceira carta você me fala da sua
volta ao magistério, lecionando ciências políticas na Burgas Free University.
Espero que tenha trabalhado muito sobre nossa hercúlea tarefa de repensar o
socialismo. Uma vez que o capitalismo, e nisso nós convergimos, está dando
sinais de falência. Essa crise internacional que agora atingiu o Brasil e que se
soma a isso a nossa crise política e, sobretudo, uma crise moral das
instituições políticas.
BURGAS, BULGARIA: Cidade onde vive Dimitr Olev, que conheci na França por ocasião do Tour de France |
Mas acima de tudo vou tocando a vida. Estou flertando
ultimamente com o trotskismo e entendo que temos que ter um permanente espírito
revolucionário e uma cooperação em todo país. Talvez vamos precisar unir as
ideias de Leon Trotski com as de Rosa Luxemburgo. Enfim, os filósofos e
cientistas políticos precisam formular um novo ideário socialista para que
possamos resgatar a utopia.
A utopia é fundamental para não cairmos na letargia e não
esquecermos que a história é dinâmica. O mundo será amanhã a estrutura que nós
formatarmos hoje.
Fraternalmente, um
abraço.
Camarada Mendes
domingo, 20 de dezembro de 2015
O PROTAGONISTA
Ele estava em frente à DrogaCenter prestes a atravessar a rua para sentar no banco da praça. Do seu lado direito nenhum carro vindo, pudera, era contramão. Do lado esquerdo apenas um automóvel vindo longe, mais ou menos em frente ao clube. Ele iria atravessar a rua, pois é com singelas travessias que se faz a história de uma cidade como Mutum.DA SÉRIE: MICROCONTOS CONTIDOS EM CEM ANOS
COLHEITA DE CAFÉ
DA SÉRIE:
MICROCONTOS CONTIDOS EM CEM ANOS
Ela cabisbaixa na cama. Ele de cabeça erguida esperando a condução. Chegou a época da colheita de café em Mutum. Era preciso defender o leite das crianças.
POSTADO EM: http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=174146.
MICROCONTOS CONTIDOS EM CEM ANOS
Ela cabisbaixa na cama. Ele de cabeça erguida esperando a condução. Chegou a época da colheita de café em Mutum. Era preciso defender o leite das crianças.
POSTADO EM: http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=174146.
sexta-feira, 18 de dezembro de 2015
A POESIA (Melopeia, Fanopeia, Logopeia)
Em sentido restrito, os antigos entendiam por poesia ("poíesis") a habilidade de construir bem uma composição de palavras. É ainda esse o sentido básico do vocábulo na atualidade, que enfatiza a noção de poesia como arte de refinada construção verbal.
O objeto inventado pela poesia chama-se poema, de modo que este vem a ser um artefato, isto é, o produto acabado resultante do fazer artístico. Poema é a obra de arte verbal realizada concretamente.
LEIA MAIS EM : Literaturando: A POESIA (Melopeia, Fanopeia, Logopeia):
O objeto inventado pela poesia chama-se poema, de modo que este vem a ser um artefato, isto é, o produto acabado resultante do fazer artístico. Poema é a obra de arte verbal realizada concretamente.
LEIA MAIS EM : Literaturando: A POESIA (Melopeia, Fanopeia, Logopeia):
quinta-feira, 17 de dezembro de 2015
ACROSTICANDO 1 E 2
ACROSTICANDO 01
Até quando esperar
Cair paz do céu
Ruas alagadas de sangue
Ossos humanos ao léu
Sopra um vento frio
Tinindo, causando arrepio
Instinto de sobrevivência
Causando barbáries
Alimentando o ódio
Nutrindo rugas e cáries
De um mundo destruído
Onde o amor foi obstruído
ACROSTICANDO 02
Ainda há uma esperança
Cacto verdejante na aridez
Resistindo securas de valores
O ímpio e toda forma de sordidez
Só a vida em si vale a pena
Talvez a morte seja só cena
Insistindo na sobrevivência
Cacto teimoso feito os meus
Aniquilados perante o mundo
Não perante nosso Deus
Diante do trono do Senhor
Oramos e louvamos: Deus é Amor
DA SÉRIE: ACROSTICANDO
terça-feira, 15 de dezembro de 2015
TIQUIM ENXERTADO # 33 - 36
TIQUIM ENXERTADO # 33
Tudo o que você visa
.......................divisa
TIQUIM ENXERTADO # 34
O poema já tinha ido
......................rugido
TIQUIM ENXERTADO # 35
Diante de você quando me porto
......................................comporto
TIQUIM ENXERTADO # 36
Encontraremo-nos em um eranos
.......................................soberanos
segunda-feira, 14 de dezembro de 2015
TIQUIM ENXERTADO # 26 - 32
TIQUIM ENXERTADO # 26
A vida sempre nos talha
............................Batalha
TIQUIM ENXERTADO # 27
Todo dia você no cio
........................vício
TIQUIM ENXERTADO # 28
No calor da labuta me asso
.............................cansaço
TIQUIM ENXERTADO # 29
O mundo é muito vil
........................covil
TIQUIM ENXERTADO # 30
Em transe eu entro
..............concentro
TIQUIM ENXERTADO # 31
Pensamentos fúteis em mim agem
........................................bobagem
TIQUIM ENXERTADO # 32
Partindo com passagem só de ida
............................................saída
A vida sempre nos talha
............................Batalha
TIQUIM ENXERTADO # 27
Todo dia você no cio
........................vício
TIQUIM ENXERTADO # 28
No calor da labuta me asso
.............................cansaço
TIQUIM ENXERTADO # 29
O mundo é muito vil
........................covil
TIQUIM ENXERTADO # 30
Em transe eu entro
..............concentro
TIQUIM ENXERTADO # 31
Pensamentos fúteis em mim agem
........................................bobagem
TIQUIM ENXERTADO # 32
Partindo com passagem só de ida
............................................saída
CONHEÇA NOSSA PÁGINA NO RECANTO DAS LETRAS
EU TE CONVIDO PARA UMA VIAGEM
Nenhuma noite se parece com outra noite
Cada noite tem sua magia
Eu tento me embriagar
Da essência das noites de inverno
Nenhuma morte se parece com outra morte
Cada morte tem seu gestual
O último suspiro parece ser um hiato
Entre o que foi aquele corpo no mundo
Teu berro cinzento ecoando entre paredes de concreto
Eu sintetizo tudo como se estivesse remixando
Teu grito de horror diante de um inseto gigante
Teu grito de horror diante da podridão
Eu te compreendo
Eu te convido para uma viagem
Nada nesse mundo vale
A baba de um vagabundo pela noite
A moeda perdida pelo bêbado
A mão pedindo ajuda
Eu te convido para uma viagem
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