da série EXPOEMAS
NO ÓLEO DA MÁQUINA DO ESTADO
são poucos os passarinhos que voam
são poucos os peixinhos que nadam
são poucos os porquinhos que fazem casas
são loucos os homens que amam
são pobres os políticos que governam
são pobres os policiais que mantém a ordem pública
são pobres os pilares da nossa república
são cobras os que chegam ao poder nessa podridão
esses dias eu tenho pensado bastante
no que basta a um homem na humildade
no que basta a um homem nessa cidade
onde a perversidade se fez verbo
e se tornou verdade e verba desviada
eu vejo as bestas do apocalipse em marcha
veja, isto é uma época nefasta
não vejo nada nas páginas da revista
não ouço nada nas palavras de revolta
não tenho nada na minha mão direita
não digo nada sem meu advogado
apenas meu fígado está sendo fritado
no óleo da máquina do estado
e assim estou aqui
para mais um dia de dilaceração...
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