sábado, 29 de janeiro de 2022

CACOS, QUIXOTE E RESQUÍCIOS: PENTALOGIA DAS MINHAS PÉTALAS SEMANAIS - XVIII


 

CACOS, QUIXOTE E RESQUÍCIOS
 
SÉRIE: PENTALOGIA DAS MINHAS PÉTALAS SEMANAIS

Não ser escolhido para dançar em um baile, só conhecer a dureza dos espinhos sem se deleitar com o aroma das rosas, sentir os murros de um relacionamento tóxico, ter uma lembrança que reacende um amor do passado e não conseguir falar com este amor apesar da de toda tecnologia da comunicação ao nosso dispor, são componentes dos meus poemas que compartilho neste 29 de janeiro, no Ano III da pandemia, infelizmente.
 

CACOS DE MIM
 
Ninguém recolhe
Os cacos de mim
Ninguém escolhe
Dançar comigo
Como se eu fosse
Algum perigo
E não oferecesse
Nenhum abrigo.
 
Ninguém cultiva
Cactos em mim
Já que eu sou
Tão deserto assim
Posso ser árido
Mas não tenso
Cultivo flores
No meu jardim
Suspenso.
 
Ninguém recolhe
Os cacos de mim
Como se eu fosse
Os cacos do fim
Da noite de festa
Verme que infesta
O final da magia
Anunciando o sol
De um novo dia.
 


DOM QUIXOTE SEM OS MOINHOS
 
Desconheço planícies em meus caminhos
Não acho as fontes d’água pelas estradas
Das rosas só inalo maldade dos espinhos
Eu vago por paragens não recomendadas
 
E a loucura encurta o tempo das paradas
Eu sou um Dom Quixote sem os moinhos
Desconheço planícies em meus caminhos
Não acho as fontes d’água pelas estradas.
 
Na minha presença aves deixam ninhos
Plantas morrem se acaso são admiradas
No meu deserto não conto com vizinhos
Uma ventania apaga as minhas pegadas
Desconheço planícies em meus caminhos.
 
 

 
MUDANÇA DE ATITUDE
 
Em cada dedo, paraíso
História registrada na pele
Hoje, murro abusivo.
 
 

O SOPRO DE UM RESQUÍCIO
 
Ao me lembrar do seu beijo
Do seu abraço envolvente
Tudo em mim fica quente
Como dia eterno de verão.
 
A lembrança é brasa que se acende
Com o sopro de um resquício
Reaviva a paixão como o vício
Dentro de um ser que não se entende.
 
Meu amor por você renasce sempre
Nas frias noites de ilusão dissolvente.
 

QUANDO EU LIGUEI PARA VOCÊ
 
Deu um trem na linha
Um vagão entre nós
Já se passaram estações.


Crédito da imagem: Visions of Quixote, Octavio Ocampo (Flickr)

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