LOUCURA, DÚVIDA E LEMBRANÇA
Me espera, estou chegando com fome
Preparando o campo e a alma pra as flores
E quando ouvir alguém falar no meu nome
Eu te juro que pode acreditar nos rumores
Temporada das flores/ Leoni
PENTALOGIA DAS MINHAS PÉTALAS SEMANAIS – XVII
Sigo compartilhando o pouco da minha produção poética
durante a semana. Nesta segunda temporada postando aos sábados. Eu ando
preparando o campo e a alma para que meus poemas possam dizer o que um homem
caminhando em busca da luz tem em seu coração retorcido.
Trago neste sábado para a nova temporada das pétalas
semanais um rondel, um poetrix e três poemas que falam da lembrança da noite
mais recente ou da infância, do doce lar ou dos instantes perdidos. A dúvida no
caminhar ou diante do conteúdo que o mundo nos apresenta. Da loucura em que
estamos mergulhado ao tentar desconstruir o que parecia tão consistente.
Boa leitura e tenha uma boa semana.
CALMARIA
Nada te conto sobre a noite
E seu bailar em meus lençóis
Perfume inebriante no toque
E nos mergulhos em mim.
Nada te falo sobre a canção
Acariciando meus ouvidos
Sintonia de êxtase e frenesi
Ápice da vida em sua rota.
Dou-te o silêncio como síntese
Do que vivi nas últimas horas
Em que eu abracei o universo
Contido dentro de uma fêmea.
Não há palavras para explicar
Os signos que ficaram comigo
Guardados para a eternidade
Prendendo-me a um momento.
Tente entender que era preciso
Para este meu coração sedento
Satisfazer-se de alguma magia
Antes que me falte uma aurora.
Eu te dou apenas um fragmento
Da epopeia em que me envolvi
A calmaria de um agitado prazer
Não se sente em oceanos usuais.
CAMINHANTE FERIDO
Estrada pedregosa
Instantes perdidos
Horizonte sem paraíso.
LOUCURA, DÚVIDA E
LEMBRANÇA
Desfazer a fezes
Florir a morbidez
Descoser as roupas
Roubar a lucidez.
Descer ao inferno
Internar-se dentro de
si
Minutar o tempo
eterno
Musicar o mundo em
si.
Deixo como está ou
mudo
O conteúdo do
contêiner
Falo o que é ou fico
mudo
Ao mumificar o
abdômen
Tudo é, tudo pode ser
Vai que amanhã será
Diferente do que se
vê
Só quem viver, verá.
Eu não sei escrever
Eu não sei desenhar
Apenas quero rever
Como é doce um lar.
NA SUA SEDUÇÃO
E o amor dentro de mim renasce
Com fúria de vulcão em erupção
Como se o céu agora desabasse
Somente dentro do meu coração.
A minha vã tentativa de dizer não
É negada por um sorriso na face
E o amor dentro de mim renasce
Com fúria de vulcão em erupção.
Ainda que a vida para mim trace
Uma rota de fuga para a solidão
Ainda que a infelicidade me cace
Eu me escondo na sua sedução
E o amor dentro de mim renasce.
SOBRE
AQUELA FELICIDADE
Jamais
encontrei poesia na esquina
Não
sei se é a luz do neon
Ou o
luar pálido sobre a cidade.
A
solidez do asfalto insonso absorve
Meus
sonhos e minhas esperanças
Através
das manchas de tantas pressas.
Então
me perco entre prédios e pestes
Como
um pássaro que não tem galho
Para
pousar em dias de tempestades.
Eu não
me acho na corrida do tempo
Sinto
fragmentos de mim sendo levados
Pelo
vento que roça meu rosto cansado.
Eu me
pergunto sobre aquela felicidade
Que
havia toda manhã no olhar ingênuo
De um
menino que acreditava no amor.
E-LIVRO COM A PRIMEIRA TEMPORADA
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