sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

LOUCURA, DÚVIDA E LEMBRANÇA: PENTALOGIA DAS MINHAS PÉTALAS SEMANAIS - XVII

 

LOUCURA, DÚVIDA E LEMBRANÇA


Me espera, estou chegando com fome
Preparando o campo e a alma pra as flores
E quando ouvir alguém falar no meu nome
Eu te juro que pode acreditar nos rumores
 
Temporada das flores/ Leoni
 
PENTALOGIA DAS MINHAS PÉTALAS SEMANAIS – XVII
 
Sigo compartilhando o pouco da minha produção poética durante a semana. Nesta segunda temporada postando aos sábados. Eu ando preparando o campo e a alma para que meus poemas possam dizer o que um homem caminhando em busca da luz tem em seu coração retorcido.
 
Trago neste sábado para a nova temporada das pétalas semanais um rondel, um poetrix e três poemas que falam da lembrança da noite mais recente ou da infância, do doce lar ou dos instantes perdidos. A dúvida no caminhar ou diante do conteúdo que o mundo nos apresenta. Da loucura em que estamos mergulhado ao tentar desconstruir o que parecia tão consistente.
 
Boa leitura e tenha uma boa semana.

 

CALMARIA
 
Nada te conto sobre a noite
E seu bailar em meus lençóis
Perfume inebriante no toque
E nos mergulhos em mim.
 
Nada te falo sobre a canção
Acariciando meus ouvidos
Sintonia de êxtase e frenesi
Ápice da vida em sua rota.
 
Dou-te o silêncio como síntese
Do que vivi nas últimas horas
Em que eu abracei o universo
Contido dentro de uma fêmea.
 
Não há palavras para explicar
Os signos que ficaram comigo
Guardados para a eternidade
Prendendo-me a um momento.
 
Tente entender que era preciso
Para este meu coração sedento
Satisfazer-se de alguma magia
Antes que me falte uma aurora.
 
Eu te dou apenas um fragmento
Da epopeia em que me envolvi
A calmaria de um agitado prazer
Não se sente em oceanos usuais.
 


CAMINHANTE FERIDO
 
Estrada pedregosa
Instantes perdidos
Horizonte sem paraíso.
 
 

LOUCURA, DÚVIDA E LEMBRANÇA
 
Desfazer a fezes
Florir a morbidez
Descoser as roupas
Roubar a lucidez.
 
Descer ao inferno
Internar-se dentro de si
Minutar o tempo eterno
Musicar o mundo em si.
 
Deixo como está ou mudo
O conteúdo do contêiner
Falo o que é ou fico mudo
Ao mumificar o abdômen
 
Tudo é, tudo pode ser
Vai que amanhã será
Diferente do que se vê
Só quem viver, verá.
 
Eu não sei escrever
Eu não sei desenhar
Apenas quero rever
Como é doce um lar.
 

NA SUA SEDUÇÃO
 
E o amor dentro de mim renasce
Com fúria de vulcão em erupção
Como se o céu agora desabasse
Somente dentro do meu coração.
 
A minha vã tentativa de dizer não
É negada por um sorriso na face
E o amor dentro de mim renasce
Com fúria de vulcão em erupção.
 
Ainda que a vida para mim trace
Uma rota de fuga para a solidão
Ainda que a infelicidade me cace
Eu me escondo na sua sedução
E o amor dentro de mim renasce.
 


SOBRE AQUELA FELICIDADE
 
Jamais encontrei poesia na esquina
Não sei se é a luz do neon
Ou o luar pálido sobre a cidade.
 
A solidez do asfalto insonso absorve
Meus sonhos e minhas esperanças
Através das manchas de tantas pressas.
 
Então me perco entre prédios e pestes
Como um pássaro que não tem galho
Para pousar em dias de tempestades.
 
Eu não me acho na corrida do tempo
Sinto fragmentos de mim sendo levados
Pelo vento que roça meu rosto cansado.
 
Eu me pergunto sobre aquela felicidade
Que havia toda manhã no olhar ingênuo
De um menino que acreditava no amor.


E-LIVRO COM A PRIMEIRA TEMPORADA

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