sexta-feira, 28 de abril de 2023

PENTALOGIAS DAS MINHAS PÉTALAS SEMANAIS - XXVIII: ABRIGO, PRISÃO E RINGUE

 



ABRIGO, PRISÃO E RINGUE

 (PÉTALAS SEMANAIS)

Mais uma postagem da nossa série que irá compor o segundo livro. Nesta pentalogia trago cinco poemas no estilo rondel que fala das chicotadas da vida e da caminhada em busca de um amor. O versos foram inspirados na leitura dos poemas As três mantilhas – III e As três mantilhas – IV de Willian Lagos.
 
 
CHICOTADAS
 
Sou monstro que leva chicotadas
Desta vida que só me traz pavor
Sou violência pelas madrugadas
Em que sangra um bravo lutador.
 
Só espinho que enfeia a bela flor
No poente de tardes perfumadas
Sou monstro que leva chicotadas
Desta vida que só me traz pavor.
 
Uma revoada de aves assustadas
A minha presença causa o furor
Que faz cessar o som das risadas
Que dá a todo ódio maior vigor
Sou monstro que leva chicotadas.
 
 
CORAÇÃO CHEIO DE CALOR
 
Atravessei correntes de água fria
Para se encontrar com meu amor
Os perigos pela estrada eu não via
E pelo meu corpo nenhum estupor.
 
Nem senti se amassei uma flor
Quase cego no escuro eu seguia
Atravessei correntes de água fria
Para se encontrar com meu amor.
 
No meu peito uma chama ardia
O fogo ia ganhando mais fulgor
Em cada passo a esperança luzia,
Com meu coração cheio de calor
Atravessei correntes de água fria.
 
 
ENCARCERAMENTO
 
Onde está meu encarceramento
Já não nasce nenhuma vegetação
A eternidade virou um momento
E o meu destino perdeu a direção.
 
O que era refúgio virou prisão
O seu abraço um dilaceramento
Onde está meu encarceramento
Já não nasce nenhuma vegetação.
 
Em um canto sujo eu me sento
Vem-me uma triste recordação
Das promessas vazias ao vento
E seu olhar verá uma escuridão
Onde está meu encarceramento.
 
 
MEU ÚLTIMO ABRIGO
 
Marcha lenta, constante e permanente
Pela velha estrada empoeirada eu sigo
Como a estrada, estou velho, demente
Mas eu trago ainda um desejo comigo.
 
Como a flor preferida todo dia irrigo
A vontade de te namorar novamente
Marcha lenta, constante e permanente
Pela velha estrada empoeirada eu sigo.
 
O passar do tempo me tornou carente
Solitário que já não tem sequer amigo
Mas da próxima vila você é residente
Eu rastejo rumo ao meu último abrigo
Marcha lenta, constante e permanente.
 
 
NO RINGUE A PAIXÃO
 
No ringue da paixão sou lutador
Às vezes eu perco, descentemente
Mas na solidão vem aquele pavor
Que faz a gente agir tão diferente.
 
A minha alma sangra tão carente
E ainda assim luto pelo seu amor
No ringue da paixão sou lutador
Às vezes eu perco, descentemente.
 
Nos golpes certeiros eu sinto dor
Sacudo a poeira e sigo em frente
Tenho certeza que serei vencedor
Para ter seu o coração sou valente
No ringue da paixão sou lutador.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

PENTALOGIA DAS MINHAS PÉTALAS SEMANAIS - XXVII: DESILUSÃO, GUERRA E LAMPEJO

 



DESILUSÃO, GUERRA E LAMPEJO
 
PENTALOGIA DAS MINHAS PÉTALAS SEMANAIS
 
Trago em cinco poemas florescidos esta semana falando da desilusão com a vida diante da imensidão da história e da pequenez humana.
 
A guerra híbrida, bélica e bombástica, que destroça quem perde e quem ganha, em um constate retorno de todas a idas. E em cada ida nada encontrar faz o coração retrair diante da jornada desafinada com o desejo que trazemos dentro, fazendo com que o corpo seja apenas uma embalagem do nosso desejo de felicidade que não cessa. De ser, de floresSER.
 
RETORNOS
(indriso)
 
Eu prossigo sem foco
Sem força ou destino
Enquanto a vida toco.
 
Meu reflexo, franzino.
No retorno me sufoco
Nosso caso é genuíno.
 
Eu tateio todas saídas
 
Volto de todas as idas.
 
XXXXX
 
UMA GUERRA
 
Triste é haver
UMA GUERRA
 
campos minados
cantos degolados
 
Triste é viver
UMA GUERRA
 
dias de sorte
dias de morte
 
quando a paz
raia no horizonte
uma bomba cai
destrói a ponte
 
Triste é perder
UMA GUERRA
 
do seu tudo nada resta
nem pedra sobre pedra
 
Triste é vencer
UMA GUERRA
 
entre a pele e a medalha
sua farda é sua mortalha
 
XXXXX
 
HOMEM DE ALMA APRISIONADA
(rondel)
 
Sou um homem de alma aprisionada
Ao fascínio absoluto do feminino ser
Eu sinto minha energia ser dissipada
Sobre mim ela passa a ter todo poder.
 
Uma mulher me seduz, me dá prazer
À conta gotas até varar a madrugada
Sou um homem de alma aprisionada
Ao fascínio absoluto do feminino ser.
 
Avisaram-me que seria uma roubada
Mas eu procurava emoção para viver
No início era mágico o toque de fada
Transformou-se em vício a me deter
Sou um homem de alma aprisionada.
 
XXXXX
 
FIO SOLTO
 
Eu vago pelo hiato da noite
Como um fruto indesejado
Na pele as marcas do açoite
Nos sonhos algo impensado.
 
Mas tudo em mim sussurra
Todos os ais da humanidade
A dor profunda de cada surra
A escuridão de cada maldade.
 
Encontro da desilusão com a fé
Um vendaval se forma no peito
Crer sem recompensa qualquer
Partir no caminho mais estreito.
 
E vagar pela noite mais escura
Apalpando espinhos da morte
Colhendo na estima minha cura
Do que fere sem provocar corte.
 
Canção que em mim hoje grita
Como um desafino da jornada
Recolho o que o ser não palpita
Para no fim do dia não ter nada.
 
Trilhas sinuosas em montanhas
Sólidas como qualquer pesadelo
Desconhecem minhas façanhas
Sou fio solto no meio do novelo.
 
 
XXXXX
 
NA NOITE IRRISÓRIA
 
A vida é um pequeno lampejo
Na imensidão de uma história
O corpo é embrulho do desejo
E da sede de qualquer vitória.
 
Tão raro são os dias de glória
Mais raro é ter paz no vilarejo
A vida é um pequeno lampejo
Na imensidão de uma história.
 
Nunca conquisto o que almejo
Eu pertenço ao pior da escória
Pelos becos e ruas sujas rastejo
Abandonado na noite irrisória
A vida é um pequeno lampejo.




terça-feira, 17 de janeiro de 2023

MIL MOTIVOS PARA ESCREVER


FONTE: IMAGEM GARIMPADA NA INTERNT

MIL MOTIVOS PARA ESCREVER

Na última semana de 2022 participei de XXVII Evento Nenhum Dia Sem Poesia, intitulado Mil motivos para escrever. Foram seis dias postando poemas dentro deste tema, para aprimorarmos nossa escrita e, sobretudo, nossa poética.
 
O evento foi em comemoração à marca de mil membros no grupo. Houve participação de poetas de diversos países da América do Sul e países lusófonos, coordenado por Francisco Petrônio Ferreira de Oliveira (Efepê Efe Oliveira) que me convidou e está me apadrinhando na ALEGRO (Academia de Letras Guimarães Rosa) em que tomarei posse no próximo domingo (22.02.2023). Trata-se de uma academia virtual, atividade que vem se proliferando. Vamos ver se desta vez eu consiga incluir mais está peleja literária na minha pauta.
 
Compartilho nesta postagem cinco dos seis poemas que produzi para o evento.
 

PARA SENTIR QUE EU ESTOU VIVO

Meus dedos reclamam de cansaço
E as teclas seguem na mesma toada
É que eu preciso de um motivo
Para sentir que eu estou vivo.
 
E lá vem o primeiro verso
Como um big bang
Dando origem a um universo
Então rabisco alguma estrofe
Enquanto lá fora tanto chove.
 
Estar vivo é mais que um motivo
Pois a vida tem mil facetas
E para cada faceta um poema
Aqui vai um de saudade
Daqui a pouco outro de prazer
A angústia ou a alegria
Depende da imaginação
Muito mais que de como
Está indo o meu dia.
 
E quanto mais eu escrevo
Mais eu me vejo
Como se os caracteres
Na tela do laptop
Fossem cacos de um espelho.
 
 
 

MELODIAS E ESPERANÇA

Todas a pegadas que semeei
Pelas estradas do mundo-jardim
Afloram em meus versos
Como flores que exalam
Fragmentos de mim.
 
Pegadas que ficaram na poeira
Da estrada estreita
De um Córrego do Cedro tímido
Caminhada para a casa do avô
Ida rápida para o primeiro dia
Na escolinha da tia e madrinha.
 
E as que ficaram invisíveis no asfalto
Amassadas pela velocidade dos homens
Mas vistas pelos olhos poéticos
Daqueles que têm mil motivos
Para escrever nas dobras do tempo
Celebrando a sobrevivência cotidiana.
 
Pegadas deixadas pelas praias
Que visito em verões temerários
Ou em viagens que faço em sonhos
Pelos recantos de um mundo só meu
Pegadas cintilantes nas lembranças
Da alma saturada de desejos e dores
Enquanto escrevo para continuar
Meu itinerário de lobo solitário
Uivando melodias e esperança.
 
 

VONTADES E ESPERANÇA

Ela tem mil motivos
Para transformar suas lágrimas
Em rancores nos versos.
 
Ela tem mil motivos
Para escrever sua revolta
Contra o universo.
 
Da sua infância descalça
Da pouca comida no prato
Da sua pele amarelada
No tão raro retrato.
 
Da adolescência contida
Do trabalho infantil
Das mazelas na sua vida
De tudo que sentiu.
 
Dos namoricos tímidos
E dos não correspondidos
Dos seus desejos límpidos
E dos sonhos destruídos.
 
Do casamento necessário
E da separação dolorosa
Sem festa no aniversário
Sem poesia na sua prosa.
 
Ela tem mil motivos
Para escrever um viver
De infortúnios.
 
Mas ela tem um poema
Em seu sorriso
Como se estivesse
À porta do paraíso.
 
Mesmo com uma lágrima
Aflorando em seus olhos
Ela está sempre grávida
De vontades e esperança.
 

 
O SILÊNCIO E SEUS MURMÚRIOS

Dentre meus vários motivos para escrever
Escrevo para você e tudo o que te cerca
A cerca que te torna cativa, prisioneira
E o sonho com o paraíso que te liberta.
 
Escrevo para o nosso encontro
No dia em que nada foi combinado
E para o seu adeus tão inesperado.
 
Para a saudade que sinto de você
Dentro deste silêncio e seus murmúrios
Escrevo para fazer um lamento
Ou para curar as feridas no meu orgulho.
 
Escrevo para a noite que me assombra
E para tudo que me faz companhia
Um corvo que crocita, o coração que grita
E para que eu arranque do caos a poesia.
 

VERSOS FELINOS

Converso com o tempo
No espaçamento da noite
Dentro de uma atmosfera
Onde a brisa vira açoite.
 
Converso com a memória
Revejo os momentos idos
Espinhos ferindo a alma
Em cada adeus dolorido.
 
Tento entender o enredo
Que esta vida me destina
Manhãs fatais, tardes frias
No coração eterna neblina.
 
Não sou de muito reclamo
Meu silêncio fala por mim
Quanto às fugas eu tramo
Não passam por um jardim.
 
Sou poeta de versos felinos
Os motivos para eu escrever
Vêm destes meus desatinos
Da minha vontade de viver.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

MICROCONTOS DE 2022: QUANDO O MÍNIMO É MAIS




O título desta postagem é muito usado quando se trata de textos minimalistas, seja em prosa ou seja em verso. O minimalismo me facina pela dificuldade da concisão. Um microconto não é apenas uso de trocadilhos. É acima de tudo um texto que precisa ter todos os elementos de uma narrativa: Personagens, enredo, tempo e espaço. Na minha tentativa de me esmerilar neste gênero, participo do grupo Microconto Fátima Florentino compondo, sempre que o tempo me permite, meus microcontos.

No meu livro, O Castelo de Alice, uma das apresentadoras da minha obra no lançamento falou dos microcontos intrusos, como a parte que mais lhe chamou atenção. Sim, eu usei microcontos para não deixar nenhuma página em branco.

Compartilho com vocês cinco pequenas narrativas de 2022.

 

 CANDURA

Ele foi tirando tudo dela. Emprego, amigos, liberdade, alegria e, por fim, a vida. Só restou a candura do olhar nas memórias do filho de dois anos.

 

BISTECA

Ela achava que a salivação dele era por causa da bisteca acebolada que fizera para o jantarzinho íntimo. Só percebeu o engano quando ela passou a ser o jantar dele, literalmente.

 

CAIXÃO

Assim que jogaram a última pá de terra sobre meu caixão, eu também fui embora.

 

BENGALA

Disfarçava-se de idoso. Boina, bengala, o andar cambaleante e o gemido de dor. Ao passar por alguma jovem deixava o pacote cair. As que eram gentis ofereciam para ajudá-lo. Entravam em seu apartamento de onde não sairiam mais.

 

PEDAGOGIA

Foi a pedagogia da faculdade que lhe deu o emprego na creche. Mas é com sua própria didática que ele tem feito crianças virarem anjos.


***

Os títulos são as palavras do dia em que os microcontos foram escritos. Todos, naquele dia escreveram um ou mais microcontos com até 300 caracteres a partir desta palavra, sendo que ela teria que estar escrita.

Para mim, o melhor é Caixão.


Bisteca serviu de "gatilho" na dinâmica do dia em 03.07.2022, e, claro, fiquei muito honrado.


POSTAGEM RECENTE DE: 

PENTALOGIAS POÉTICAS DAS MINHAS PÉTALAS SEMANAIS


sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

PENTALOGIA DAS MINHAS PÉTALAS SEMANAIS XXVI: CERTEZA, CHAMA E FOSSA

 

 CERTEZA, CHAMA E FOSSA

 

SÉRIE: 
PENTALOGIAS DAS MINHAS 
PÉTALAS SEMANAIS.
 

Trago mais uma postagem para a série que se aproxima do segundo livro da obra. Esta semana eu falo:

  • do efeito das carícias da pessoa amada em A paixão em meu coração;
  • da convicção que machuca bem dentro em Essa certeza;
  • da ausência sentida e suas consequências no poetrix Hora da chama(da);
  • da depressão de faz com que a gente não tem vontade de se divertir em Minha fossa;
  • da imprevisibilidade da vida como força motriz para se viver em Não posso perder.

 
Aprecie sem moderação e se afogue em poesia.
 
***
A PAIXÃO NO MEU CORAÇÃO
 
Com você até moro em uma cabana
Para eu te namorar sob um belo luar
A paixão no meu coração é soberana
A você eu estou preso, não vou negar.
 
Quando a solidão era noite muito fria
Como aço de espada a me transpassar
Não havia rima ou respingo de poesia
Minutos eram cartas de jogos de azar.
 
Era feito time de futebol sem o atacante
E eu só tentava sobreviver heroicamente
O fim trágico do meu ser era tão ululante
Mas eu resistia a melancolia bravamente.
 
Com suas carícias minhas dores partiram
E do céu o amor em forma de anjo desceu
Junto com as dores as angústias sumiram
E a tristeza no meu peito do nada pereceu.
 
 ***
 
ESSA CERTEZA
(rondel)
 
Eu não faço parte da sua vida
Sequer eu faço mais da minha
Eu procuro e não acho a saída
Eu só acho que já saí de linha.
 
A desilusão é minha vizinha
E eu estou sempre de partida
Eu não faço parte da sua vida
Sequer eu faço mais da minha.
 
Nada cicatriza a minha ferida
Minha força cada dia definha
Há melancolia em mim retida
Essa certeza é que me espinha
Eu não faço parte da sua vida.
 
 ***
HORA DA CHAMA(DA)
(poetrix)
 
Sua ausência se espalha
Sozinho, eu tomo vinho
Vazios me atrapalham.
 
 ***
MINHA FOSSA
(rondel)
 
Se não fosse essa minha fossa
Que me obriga a ficar em casa
Quem sabe ouviria uma bossa
Para esfria o coração em brasa.
 
Há uma agonia que me arrasa
E nenhuma alegria se alvoroça
Se não fosse essa minha fossa
Que me obriga a ficar em casa.
 
Não há nada então que possa
Ser feito se o tédio se embasa
É a vida me dando uma coça
Eu até faria da farra uma asa
Se não fosse essa minha fossa.
 
 ***
NÃO POSSO PERDER
(rondel)
O que me mantém ainda vivo
É a incerteza se vai acontecer
Todo dia há um novo motivo
Para optar por dor ou prazer.
 
Toda manhã vejo o que fazer
Minha escolha não tem crivo
O que me mantém ainda vivo
É a incerteza se vai acontecer.
 
O que eu consumo é corrosivo
Eu não meço a força do poder
Da jaula da qual eu sou cativo
Mas sei que não posso perder
O que me mantém ainda vivo.

***


BAIXE


NOTA DO BLOG: Caso queira adquirir o livro I físico, entre em contato com o autor. mendesclaudioantonio@gmail.com

O QUE O MAR PENSA DE MIM? (EU NA REVISTA BARBANTE)

 

O QUE O MAR PENSA DE MIM?

 


Saiu na revisa Barbante, nº 51, meu poema Viagem ao litoral. Nele falo de um tipo de viagem que muitos fazem, e acredito que outros gostariam de fazer.


Eu me baseei na experiência em litorais capixabas e baianos. Mas o encontro com o mar é universal. Seja em Marataízes ou em Marseille.

 

Posto aqui o poema, mas gostaria que você baixasse a revista e lesse as criações literárias dos meus colegas:

 

VIAGEM AO LITORAL

 

Viajo para o litoral

Minha alma maruja

Começa a bailar

Com ondas imaginárias.

 

As montanhas de Minas

Distanciam-se no retrovisor

Eu sigo pela dois meia dois

(A cento e um também está no caminho)

E de longe ouço o barulho.

 

Estou chegando de peito aberto

Para ver novamente

O horizonte atlântico

Como quem revê antigo amor.

 

Mas o mar me conhece?

Será que ele se lembra de mim

Em Alcobaça, Praia Grande ou Marataízes?

O mar ainda se lembra

Do nosso primeiro encontro?

 

Sei que o litoral capixaba ou baiano

Não se cansa da nossa mineirice

E suas ondas fortes mais parecem

Um abraço de saudade.


LINK PARA A REVISTA BARBANTE Nº51

quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

DEPOIS DO ESTRONDO: MEU POEMA PÓS-GÓTICO NA REVISTA BARBANTE


Na edição de Nº 50 da Revista Barbante, comemorando seu décimo ano de publicação, meu poema Depois do Estrondo que escrevo para minha série GotiKlaus, poemas pós-góticos, falo sobre o encontro do amor e as barreiras a serem vencidas para além do desastre de um mundo pós-moderno e decadente.

Na revista o poema saiu com um equívoco gráfico no primeiro poema da terceira estrofe, faltando o r em apertando. Mas acredito que erros como estes acontecem na correria do dia a dia. No final tem link para quem quiser baixar a revista na íntegra.                                                            

DEPOIS DO ESTRONDO

Sobre meus olhos inchados não se assuste

São as noites frias na companhia do corvo

Que me ensina como ser anjo neste inferno.

 

Com os lábios sangrando não se desespere

São serpentes que engoli para me fortalecer

Em banquetes letais por florestas sombrias.

 

Sinta minha mão trêmula apertando a sua

Não se acanhe se eu te perguntar sobre amor

Eu te encontrei em viagens para além da lua.

 

Sobre meus passos trôpegos eu apenas quero

Que você venha comigo pela trilha íngreme

E se deite ao meu lado sobre a relva urticante.

 

Sobre meu verso sem rima sinta uma canção

Sussurrando em seus ouvidos a lamentação

Que eu faço ao vento depois de cada manhã.

 

Seja comigo o casal que vencerá o apocalipse

Nunca duvide daquilo que teu olhar não vê

Seremos ainda hoje a parte escura do eclipse.

 

Paz e guerra são coisas do mundo redondo

Nada sobrará da Terra depois do estrondo

A não ser nós dois caminhando pelo infinito.

 

REVISTA BARBANTE Nº 50