sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

PENTALOGIA DAS MINHAS PÉTALAS SEMANAIS - XXVII: DESILUSÃO, GUERRA E LAMPEJO

 



DESILUSÃO, GUERRA E LAMPEJO
 
PENTALOGIA DAS MINHAS PÉTALAS SEMANAIS
 
Trago em cinco poemas florescidos esta semana falando da desilusão com a vida diante da imensidão da história e da pequenez humana.
 
A guerra híbrida, bélica e bombástica, que destroça quem perde e quem ganha, em um constate retorno de todas a idas. E em cada ida nada encontrar faz o coração retrair diante da jornada desafinada com o desejo que trazemos dentro, fazendo com que o corpo seja apenas uma embalagem do nosso desejo de felicidade que não cessa. De ser, de floresSER.
 
RETORNOS
(indriso)
 
Eu prossigo sem foco
Sem força ou destino
Enquanto a vida toco.
 
Meu reflexo, franzino.
No retorno me sufoco
Nosso caso é genuíno.
 
Eu tateio todas saídas
 
Volto de todas as idas.
 
XXXXX
 
UMA GUERRA
 
Triste é haver
UMA GUERRA
 
campos minados
cantos degolados
 
Triste é viver
UMA GUERRA
 
dias de sorte
dias de morte
 
quando a paz
raia no horizonte
uma bomba cai
destrói a ponte
 
Triste é perder
UMA GUERRA
 
do seu tudo nada resta
nem pedra sobre pedra
 
Triste é vencer
UMA GUERRA
 
entre a pele e a medalha
sua farda é sua mortalha
 
XXXXX
 
HOMEM DE ALMA APRISIONADA
(rondel)
 
Sou um homem de alma aprisionada
Ao fascínio absoluto do feminino ser
Eu sinto minha energia ser dissipada
Sobre mim ela passa a ter todo poder.
 
Uma mulher me seduz, me dá prazer
À conta gotas até varar a madrugada
Sou um homem de alma aprisionada
Ao fascínio absoluto do feminino ser.
 
Avisaram-me que seria uma roubada
Mas eu procurava emoção para viver
No início era mágico o toque de fada
Transformou-se em vício a me deter
Sou um homem de alma aprisionada.
 
XXXXX
 
FIO SOLTO
 
Eu vago pelo hiato da noite
Como um fruto indesejado
Na pele as marcas do açoite
Nos sonhos algo impensado.
 
Mas tudo em mim sussurra
Todos os ais da humanidade
A dor profunda de cada surra
A escuridão de cada maldade.
 
Encontro da desilusão com a fé
Um vendaval se forma no peito
Crer sem recompensa qualquer
Partir no caminho mais estreito.
 
E vagar pela noite mais escura
Apalpando espinhos da morte
Colhendo na estima minha cura
Do que fere sem provocar corte.
 
Canção que em mim hoje grita
Como um desafino da jornada
Recolho o que o ser não palpita
Para no fim do dia não ter nada.
 
Trilhas sinuosas em montanhas
Sólidas como qualquer pesadelo
Desconhecem minhas façanhas
Sou fio solto no meio do novelo.
 
 
XXXXX
 
NA NOITE IRRISÓRIA
 
A vida é um pequeno lampejo
Na imensidão de uma história
O corpo é embrulho do desejo
E da sede de qualquer vitória.
 
Tão raro são os dias de glória
Mais raro é ter paz no vilarejo
A vida é um pequeno lampejo
Na imensidão de uma história.
 
Nunca conquisto o que almejo
Eu pertenço ao pior da escória
Pelos becos e ruas sujas rastejo
Abandonado na noite irrisória
A vida é um pequeno lampejo.




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