CHUVA, LABIRINTO E VITÓRIA: PENTALOGIA DAS MINHAS PÉTALAS SEMANAIS – XXII
Em uma semana de gripe forte e celebrações religiosas, trago
em meu versejar a força renovadora de uma chuva (indriso), o preço pelo amor
intenso (indriso), o labutar do poeta que assassina seus poemas, a mulher que
precisa ir embora por não se encaixar e a consequência do que fazemos.
Boa leitura!
CHUVA
Que caia a tempestade forte
Sobre meus canteiros férteis
E faça germinar meus sonhos.
Que eu me cure de cada corte
Feito na febre de noites inúteis
Que deixaram sangrias na alma.
Que esta chuva por dentro me lave.
Que esta chuva para longe me leve.
DENTRO DE UM LABIRINTO
Estou dentro de um labirinto
Que o mundo chama de paixão
E não encontro qualquer saída.
Meu fim está próximo, pressinto
Ontem dei adeus à minha razão
É na loucura que encontro vida.
Ninguém ama muito e sai ileso.
Em cada passo eu sinto o peso.
EM LEGÍTIMA DEFESA
Desovo meus versos
Em alguma vala
Do vasto universo.
Eu os matei, confesso
Foi em legítima defesa
Pois as rimas meliantes
Por motivos diversos
Tornaram-me cativo
Como em um sequestro
No refúgio dos poetas
Mortos-vivos.
DESENCAIXADA
Você não mora em mim
Você não é daqui
É outro o seu lugar
Faça as malas e vá
embora.
Embora eu queira
Que o tempo se estique
E queira que você fique
Um pouco mais
Você não se encaixa
Dentro da minha caixa
E nem nos meus
Códigos morais.
O QUE VOCÊ FAZ
O que você faz
Enquanto morre
Com o que se socorre
Quando se fere
O que você bebe
Na mesa de um bar
O que você ora
Diante do altar
O que você manda embora
O que você deixa ficar
Vai virando poesia
E você nem nota
Que a sua vitória
Pode estar na derrota.
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