terça-feira, 22 de dezembro de 2015

CARTAS AO CAMARADA OLEV II: UTOPIA É FUNDAMENTAL

UTOPIA É FUNDAMENTAL
Mutum, 22 de dezembro de 2015
                                                                    Caro Camarada Olev

Verdade que você já me enviou três cartas e até agora eu não te enviei nenhuma. Volto a te escrever cinco meses depois da primeira missiva de minha parte. Prometo amiudar nossas correspondências.
Você me pergunta como anda as coisas por aqui. As coisas por aqui não tem andado. As coisas por aqui têm rodopiado em torno do tema corrupção. O Brasil está em crise. Descobrimos que tem corrupção em tudo. Tem no basquete, tem no futebol, tem no voleibol e tem no governo federal e nas nossas câmaras municipais.
Mas a vida segue. Eu fiz um compromisso de somente participar da política eleitoral depois de aposentado. Aqui no Brasil a gente não tem liberdade de expressar o que queremos.  Como disse George Orwell em Dias de Birmânia: "Você é livre para virar um bêbado, ocioso, covarde, maledicente, fornicador; mas não é livre para pensar por si mesmo."
Ando mais envolvido com literatura. Tem um site chamado Recanto das Letras em que posto alguns poemas.
Mas por falar em Carta, você ouviu falar da carta do vice-presidente Michel Temer para a Dilma, choramingando sua falta de espaço na atual política e que a carta vazou. Aí lembrou um escritor da Bahia, que fundou o  estilo Poetrix, de poemas de Michel Temer em seu livro.
O impeachment no Brasil é um imbróglio sem fim. Parece que a impressa facista está jogando a toalha. Parece que o Eduardo Cunha arrependeu-se de ter metido a colher enferrujada na briga de cachorro grande, julgando ele, ser um pastor alemão. Nem é pastor de fato e nem é alemão. Desmoralizou os evangélicos ao misturar demasiadamente religião com política. Não dá para implantar um Estado Cristão no Brasil como se fosse um Estado Islâmico, que fica aí bem pertinho de você. A Bulgária parece está neutra na confusão da migração aí no velho mundo.
E burgas? Como vai essa cidade maravilhosa em que você mora? Depois que eu me aposentar, daqui a nove anos, antes de retornar a minha militância política, irei aí te visitar, no verão de preferência. Desfrutar das belas praias do litoral do mar Negro. Tem que ser em julho, lógico, pois é verão aí no hemisfério norte, depois você vem aqui no Brasil, me visitar em dezembro ou janeiro. É verão por aqui. Na terceira carta você me fala da sua volta ao magistério, lecionando ciências políticas na Burgas Free University. Espero que tenha trabalhado muito sobre nossa hercúlea tarefa de repensar o socialismo. Uma vez que o capitalismo, e nisso nós convergimos, está dando sinais de falência. Essa crise internacional que agora atingiu o Brasil e que se soma a isso a nossa crise política e, sobretudo, uma crise moral das instituições políticas.
BURGAS, BULGARIA: Cidade onde vive Dimitr Olev, que conheci na França por ocasião do Tour de France
Mas acima de tudo vou tocando a vida. Estou flertando ultimamente com o trotskismo e entendo que temos que ter um permanente espírito revolucionário e uma cooperação em todo país. Talvez vamos precisar unir as ideias de Leon Trotski com as de Rosa Luxemburgo. Enfim, os filósofos e cientistas políticos precisam formular um novo ideário socialista para que possamos resgatar a utopia.
A utopia é fundamental para não cairmos na letargia e não esquecermos que a história é dinâmica. O mundo será amanhã a estrutura que nós formatarmos hoje.

Fraternalmente, um abraço.
Camarada Mendes




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