sexta-feira, 16 de junho de 2017

A 3ª GUERRA MUNDIAL JÁ ACONTECEU




A 3ª Guerra Mundial já aconteceu. Foi uma guerra lenta, cautelosa, sem estardalhaço. Não foi uma guerra entre países, entre a aliança e o eixo. Foi uma guerra contra o humano e seus sentimentos. Foi uma guerra contra a identidade pessoal, contra a esperança e a nossa capacidade de sonhar. Decidiu-se destruir nossa mais poderosa arma, a utopia. Essa vontade de realizar algo que caiba em qualquer lugar, em qualquer cidade, em qualquer nação.
Você não viu bombardeiros no céu. Apenas aviões comerciais darem o beijo da morte em torres de babel. Os satélites de comunicação ficam mais alto que nossas vistas não os alcançam
 Você não viu trincheiras no chão. O asfalto é duro para se cavar. Não precisou de muitos soldados, mas técnicos necessitando vender seus trabalhos.
Não houve nenhum Pearl Jarbor, não houve cogumelo gigante em Hiroshima e Nagasaki. Não houve tentativa de paz. Não houve nada. Apenas a guerra silenciosa, cega e surda.
A guerra foi surda. Os fones em nossos ouvidos não nos deixaram ouvir os pedidos de socorro. Os senhores da Guerra não ouviram as jornadas de junho, a primavera árabe, o Green Peace, as mães da praça, de qualquer praça, e ninguém ouviu ninguém. No mar Egeu morre-se em silêncio. Apenas um corpo pequeno na praia pela manhã indica que a morte também sabe andar sobre as águas.
A guerra foi cega. Não viram nada. Nem os seios do Femen, nem as burcas das afegãs. Não viram a paulista lotada, não viram o Estado Islâmico avançar, não viram os escombros de Aleppo.
A guerra foi silenciosa. Não se fala mais. Em frente à Tevê, ao Netflix, ao tablet, i-phone, i-pad, i-qualquer coisa, a gente não se fala mais, o diálogo é uma exceção, um oásis no deserto das relações excessivamente áridas. Envia-se um “zap” como um míssil. Na calada da noite eles agem. Medidas provisórias, bolsas na Ásia, paraísos ficais. Tudo em silêncio. A suprema corte sem nenhuma cortesia. Direitos trabalhistas sendo esquartejados pelos açougueiros da democracia representativa. Eles trabalham em silêncio. Nós, em silêncio, morremos. Nem a canção nada questiona.
Nós perdemos essa guerra. Quem ganhou?
Ganhou o “hitler” que há dentro de cada um de nós. Nossos preconceitos, nossa ideia que somos os melhores. Nossa apropriação de símbolos que antes eram de paz. Nosso anseio de aprisionar o próximo em uma câmara de gás. Hitler venceu a Terceira Guerra Mundial.
Ganhou o “mussolini” que há dentro de cada um de nós. Nossa oportuna usurpação de pequenos poderes. O poder de ser aprovado na escola sem ter aprendido nada. O poder de contrair viroses na ânsia de ser superpotente.
Ganhou o “stálin” dentro das organizações com princípios socializantes, mas que agiu com mão de ferro. Endureceu-se tanto que perdeu-se a ternura.
Ganhou nossas viagens kamikazes sem combustível para a volta. Ganhou nossas drogas e nossas aventuras suicidas.
Ganhou o extremismo em todas as religiões e ganhou o outro lado da mesma moeda, nossa passividade, nossa falta de radicalidade, nosso excesso de radicalismo.
Ganhou nossas bombas nucleares que trazemos dentro do peito e detonamos sobre as pessoas que apenas buscam o pão de cada dia, sob qualquer pressão.
Ganhou a canalhice que usurpou da política, e a política que usurpou o Estado que agora diz não poder fazer nada por nós. Chauvinistas de si mesmos e de grandes corporações entrincheirados na cidade planejada. Os três poderes é o Reich
Nós perdemos. Estamos assinando nosso Versalhes de morte e não temos mais o carvão e o ferro de Álsacia-Lorena.  Mas nem tudo está perdido.
Precisamos nos reerguer das cinzas. O Estado não pode fazer mais nada por nós. Mas nós podemos fazer outro Estado. Um Estado composto por três poderes. O poder da partilha, o poder da justiça social e, sobretudo, o poder da solidariedade. Se assim fizermos, venceremos a Quarta Guerra Mundial.



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