sexta-feira, 28 de outubro de 2016

A ÚLTIMA RECONCILIAÇÃO - CAPÍTULO 14 (FINAL)


CAPÍTULO XIV
A cidade já estava cansada de ver assassinatos serem esquecidos sem serem solucionados, sem acharem os verdadeiros culpados.
O assassinato de Marli seria mais um a ser arquivado se não fosse o relevante clamor popular por justiça que bocas conscientes começaram a levantar cotidianamente.
Havia, além do clamor popular, a recente presença de Dr. Ramos. Um detetive que mais que altivez, contava com o conhecimento do que há de mais novo na investigação criminal. Ele não se deixava influenciar pelas aparências, sempre mergulhava um pouco, ou muito, mais fundo e às vezes ia além do fundo.
Grande estudioso das mitologias, da psicologia, conhecia as doutrinas, apaixonado por filosofia, era simpatizante do marxismo. Dr. Ramos, que entendia que só era doutor quem ostenta o diploma de doutorado, frequentava lugares exóticos e distintos na sociedade, desde igrejas a prostíbulos.
Em suas mãos os depoimentos. A mãe da vítima contou a trágica história da vida da filha. Isso é. Tudo o que ela sabia. Nivaldo tinha um álibi. E Dr. Ramos reconhecia que seu álibi era real. Tinha saído mais cedo no dia do crime. Era 03h15 quando saiu de casa e deixou a esposa dormindo depois de uma noite de amor. Pegou o ônibus que o levou para a lavoura. Era época de colheita do café e ele estava fazendo um bico. Não negou que surrava Marli. Mas afirmou que apesar disso, amava-a. Era apaixonado por ela.
Passaram-se mais três dias. Dr Ramos releu os depoimentos. Foi interrogado pelo delegado sobre a sua opinião se devia arquivar o caso ou ele daria prosseguimento à investigação.
- Eu já sei quem é o assassino. Vamos fazer o mandato de prisão. Respondeu Dr. Ramos convicto.
De posse do mandato de prisão, Dr. Ramos pediu a viatura com três policiais e disse ao delegado.
- Dentro de instantes o assassino de Marli estará atrás das grandes. Todos na delegacia apostariam que o assassino seria Nivaldo, parecia evidente.
A viatura policial entrou na Rua Floriano Peixoto onde Nivaldo morava, e ao contrário do que os rostos que começaram a aparecer nas janelas esperavam, a viatura não parou em frente a casa onde o crime tinha acontecido. Ela seguiu mais adiante alguns metros e estacionou.
Dr. Ramos bateu na porta de uma casa residida por cinco mulheres. Uma loura veio atendê-lo.
- É da polícia. A senhorita poderia nos seguir, por favor.
A loura parecia um pouco assustada. Mas controlou-se e não viu outra saída a não ser atender aquilo que por ora era um pedido.
Na delegacia a loura, Margareth Vaz de Oliveira, vinte e oito anos, confessou o crime.
O que ninguém sabia é que Dr. Ramos, apesar de novato na cidade, já tinha uma amante. Era Sílvia, que também residia na mesma casa que Margareth e em algum momento de excitação contou algumas histórias de Margareth que Dr. Ramos, esperto, tomou nota. Era a vingança de Sílvia contra a colega que havia recentemente lhe tomado um freguês importante.
- Não entendo qual foi o motivo do crime?
- Sílvia não contou? Eu e Marli tínhamos um caso. Não aceitei o fim. Ela queria ir embora para não apanhar mais do Nivaldo. Mas como o senhor ficou sabendo que era eu?
- Um arranhado de unha ao lado do corte de navalha. Um arranhado de unha grande, unha de mulher. Rematou Dr. Ramos.

Se você está lendo pela primeira vez a postagem da novela A Última Reconciliação, comece a ler pelo capítulo 01.

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