terça-feira, 20 de junho de 2017

UM INSETO PRESO EM TEIAS

CARTAS AO CAMARADA OLEV, CARTA Nº 04


Mutum, 04 de junho de 2017
 Caro Camarada Olev

Você pode não acreditar, mas há dias eu tento te escrever. Tenho estado acumulado de tarefas. Provas para corrigir e me enveredei pela literatura. Talvez seja a literatura meu refúgio. Sim, eu ando precisando de um refúgio. Decepcionado com o meu país. É uma tragédia que nós aqui no Brasil já sentíamos ao menos o cheiro de pólvora. Mas quando tudo explode a gente ainda lamenta. Meu país não tinha como escapar desse enredo. O partido da presidenta eleita em 2014 envolvido. O vice, envolvido, e o adversário também. Não tinha com sair dessa. Meu país é um inseto preso em teias cada vez mais pegajosas. Sofro muito. Ser esquerda no Brasil é ser humilhado com os fatos. É ter que renovar a esperança a cada dia. Você sabe que eu ando afastado da política. Não sou mais tão militante com outrora fui. Na minha cidade, o partido a qual pertenço governa bem. Em Minas Gerais, meu estado, faz o que pode, mas, a nível nacional, não tem como exaltar e nem tem como criticar. 
E quanto a você, o que anda fazendo em Burgas? A Bulgária anda fora do noticiário daqui. Não vejo mais nem a seleção de futebol e nem a seleção de vôlei do seu país. O que me despertou a retomar o contato com você foi uma menção feita à Bulgária no filme “Doce Vingança 2” que assisti ontem pelo telecine na TV paga.
Quando você virá ao Brasil me visitar? Parece-me que você falou de uma palestra que terá em Buenos Aires no mês de agosto. Argentina é aqui do lado. Organize aí e depois de passar pela cidade portenha, dê um chego aqui no leste de Minas Gerais. Vai ser interessante para você, como professor universitário saber o que é viver nesse meu país.
Se você vier aqui, quero discutir com você a ideia que tem se formado em minha mente. Penso que o capitalismo não dá mesmo. Então, aqui no Brasil, temos espaço para o surgimento de um novo tipo de socialismo. Eu primeiramente estou denominando essa ideia de Socialismo Orgânico. O adjetivo não te deve ser estranho. Temos muitas coisas orgânicas pelo mundo com a produção de alimento. Seria um socialismo baseado na organicidade de qualquer sociedade. Onde cada parte está ligada ao todo. Não parti de uma ideia fechada para depois dar um titulo, na verdade parti do título para ir fechando as ideias.
Mas penso que tudo precisa ser repensando, talvez seja uma evolução do que chamo Democracia de Projetos.
Mais uma renovo minha intenção de lhe escrever em espaços mais curtos.

Fraternalmente, um abraço
Camarada Mendes


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