terça-feira, 20 de junho de 2017

O PREÇO PELA PRIMEIRA VEZ - CAPÍTULO IV




COMECE DO COMEÇO: Se você vai ler pela primeira vez, comece do CAPÍTULO I

Depois de um dia cansativo, lutando com as panelas contra o fogo, manejando o cozimento, a fritura e o tempero, a mãe de Meire estava dormindo como nunca. Um sono pesado, profundo, melodiado com um estridente roncar.
         Meire entrou pé por pé. Deitou-se em sua dura cama com um colchão tão magro como o rapaz que há pouco instantes a possuíra. Sentia a rigidez das ripas em suas costas. Algo lhe parecia sujo, levantou-se e foi ao banheiro. Despiu-se rapidamente e lavou o sangue coagulado que ficou escorrido perna abaixo. — Até que não sangrou tanto. Com tanta dor até achei que meu sangue iria sair todo por entre as pernas. — pensou.
         Enxugou as pernas e voltou para cama. Puxou para cima de si uma desbotada colcha de retalhos. Não tinha sono. Não tinha mais hímen.
         Começou a pensar na sua primeira vez, no seu primeiro beijo, na sua primeira transa e até os copos de cerveja tomados assim num bar eram os primeiros. Sentiu que agora sua vida ia mudar. Ia ser diferente. Descobriu finalmente a função de suas curvas bem definidas e das partes íntimas, aquelas que a educação rígida e tradicional lhe dissera que eram proibidas. Intocável vulva, nádegas e seios.

         Os dias passaram. Luzia e Meire se tornaram agora mais amigas, inseparáveis. Viviam de segredos pelos cantos da escola. Onde uma estava outra também. Combinavam aventuras, provocavam os rapazes e fingiam estarem sempre felizes. Matavam com mais frequência os dias letivos.
         Primeiro uma rodada de cerveja, alguns cigarros divididos entre cinzas no chão e nicotina nos pulmões. Depois de escolhido os parceiros, lá se iam para um canto qualquer. Bom é quando o parceiro tinha um carro, ainda que fosse um Chevette velho. Não tendo, fosse onde pudesse.

         Meira sentia grande prazer em ficar com um em cada noite. Julgava ser isso a única diversão que a vida oferecia a uma pobre garota de quatorze anos.

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