CAPÍTULO V
A mãe de Meire teve que arranjar uma folguinha no emprego
para dar uma chegadinha até a escola dela sem entender o porquê da solicitação
tão urgente.
— A senhora
sabia que sua filha tem faltado frequentemente às aulas? — perguntou a
supervisora em tom autoritário.
— Faltando? —
surpreendeu-se — Mais como? Todos os dias ela sai de cada para vir à escola.
— Mas não vem.
Está com um número excessivo de faltas. Na certa vai ficar reprovada.
— Vou procurar
saber o que está acontecendo.
Despediu
humildemente da supervisora e voltou para o trabalho
Ao chegar a
sua casa, saindo mais cedo, foi logo querendo passar a limpo a afirmação da
escola. Porém Meire achou uma saída. Disse que muitas vezes chegava atrasada. O
portão já estava fechado e com medo que a mãe soubesse, esperava as colegas na
volta. Disse que também estava preocupada com a situação.
Numa noite o
azar bateu na porta de Meire. Sua mãe estava indo ao aniversário de uma colega.
Ao passar em frente a um bar, resolveu dar uma espiada por curiosidade. Ficou atônita.
Viu sua filha como jamais imaginara. Em mesa de bar sendo cortejada por rapazes
desclassificados. — Não, não era verdade. — pensou.
A reação foi
instantânea:
— Para casa,
sua vagabunda, antes que eu te dê uma surra aqui mesmo.
Saíram mãe e
filha sem dizer nada uma para a outra e seguiram para casa.
Surrada, Meire
não voltou mais às aulas e foi proibida por tempo ilimitado de sair de casa, a
não ser na companhia da mãe. Desviciou-se do cigarro, da bebida e do sexo
fácil.
Pouco a pouco
a poeira foi abaixando e ela reconquistou a confiança em casa.
Talvez pudesse
voltar a estudar, mas não teve coragem.
Depois de
algum tempo mudou com toda família, mãe e irmão, para a pequena casa ao lado do
estabelecimento comercial.
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