sábado, 15 de outubro de 2016

A ÚLTIMA RECONCILIAÇÃO - CAPÍTULO 10

CAPÍTULO X

OBSERVAÇÃO: RECOMENDADO APENAS PARA


Marli evitava fazer comparações entre seu presente e seu passado. Dentro de dois anos muitas coisas aconteceram. Nada de muito alegre para deixá-la contente e o fato mais triste foi o falecimento do seu pai há oito meses.  Não havia namorado ninguém nesses dois anos. Tanto o estupro de Guido como a transa com Lauciene martelava sua mente de vez em quando. Paqueras ocasionais aconteciam e numa dessas paqueras permitiu-se transar de novo. Depois teve medo de ter se engravidado. Daí alguns dias um câncer no fígado levou seu pai para a sepultura.

Dezessete anos, uma semianalfabeta, uma pobre remediada. Mais de quatro anos no mesmo emprego. Perdera a virgindade violentamente, perdera o ardor religioso. Dizia para si mesma que era uma cristã relaxada. Saiu do grupo de adolescentes e não entrou em nenhum grupo de jovens. Foi se esfriando pouco a pouco. Já não saia muito de casa. Muitos de seus fins de semana eram consumidos em programas de televisão. Sílvio Santos a distraia.

Assustou-se naquela terça-feira ao ir embora. Viu os materiais de construção chegando. Não falaram nada para ela que iriam construir. Pensou em voz baixa:

- A limpeza vai piorar. Todo dia vai ser aquela poeirada. Marli sabia que construção dava poeira. Fazia a faxina ficar mais laboriosa.

No dia seguinte deparou com o pedreiro e seu ajudante nos primeiros trabalhos da reforma da casa. Estavam dentro do banheiro próximo da cozinha consertando o que fora gasto pelo tempo e pelo mau uso.

O pedreiro era um senhor de estatura mediana, usava calça de tergal verde bem surrado e uma camisa fechada sobre o peito sofrido com botões de cores e formatos diversificados. Um chapéu de palha na cabeça. Andava sobre duas havaianas gastas, aparentava uns trinta e cinco anos.

O ajudante parecia que se sentia a vontade com sua bermuda jeans indo até o joelho onde alguns fios de algodão eram maiores, carecia de uma bainha. Parecia que nem se importava com o cós de sua cueca amarela aparecendo tímido, tampando o dorso do corpo amorenado. Tendia um pouco a ser halterofilista. Aparentava ter vinte e quatro anos.

Naquela quarta-feira Marli trabalhou normalmente, sem nenhuma relação dialogal com a dupla de trabalhadores que iam e vinham pela casa. Batiam com força uma ferramenta pontiaguda de ferro maciço contra a parede. Faziam um pouco de massa. Pouco a pouco o serviço ia aparecendo.

Na quinta-feira Marli percebeu que o ajudante a olhava além do normal. Uma flor de curiosidade, fertilizada pelo desejo do seu coração, começava a desabrochar dentro do seu peito. Começou a fazer questão de ser notada e ora outra a sorrir para ele.

Sexta-feira chegou. Marli e o ajudante se conheceram.

Ele era Nivaldo e morava num bairro do outro lado da cidade. Disse que se lembrava de tê-la vista na pracinha algumas vezes. Ela forçou a memória e reconheceu aquele rosto curioso. Ele não lhe era estranho assim. Também se lembrava dele na pracinha.

Naquele final de semana deixou a televisão e foi para a rua. Lá viu Nivaldo com um amigo. Ela estava sozinha. Celina havia se mudado para outra cidade. Sorriu para ele e foi correspondida. Aproximou-se como uma familiarizada e puxou um assunto banal. Ficou ouvindo os dois rapazes falarem de futebol até o amigo de Nivaldo sentir-se sobrando. Pediu licença e se retirou.

Nivaldo a convidou para tomar uma cerveja. Ela aceitou. Procurou fugir do seu irmão. Foram a um bar, tomaram uma, duas, três e tantas outras cervejas. Daí em diante a única coisa que Marli sabia é que estava embriagada, que era sábado e que o pai havia falecido. Podia arriscar a chegar mais tarde em casa, enfrentaria a mãe se preciso. Tomou junto com o ajudante de pedreiro mais duas cervejas, trocaram ebriamente alguns beijos e carinhos. O rapaz pagou e saíram abraçados e cambaleantes.

Caminhavam devagar para não desequilibrar seus corpos. Falavam poucas coisas, já não tinham domínio de todas as palavras de uma frase. Paravam e beijavam, olhavam um para o outro e seguiam sem comentários. Pararam em frente a uma casa em construção. Beijaram e olharam para os lados e constataram a deserteza da rua. Nivaldo a convidou puxando-a pelo braço.

- Venha aqui.

Entraram na casa em construção, só entijolada e tampada com telhas francesas. Então acharam um esconderijo providencial por ali mesmo. Uma construção a mercê de quem quisesse visitá-la nessas horas inoportunas. Beijaram o gosto azedo de cevada que estava na língua do outro.

Nivaldo desabotoou o cinto e abriu o zíper da bermuda de Marli. A bermuda desceu até o chão. Marli sentiu o membro rígido de Nivaldo se metendo entre suas coxas brancas. Afastou-se um pouco, arriou a calcinha, ergueu uma das pernas para cima de um monte de tijolos e começou a sentir vigorosamente Nivaldo dentro de si.

Mais três semanas foi necessário para que a reforma da casa da patroa de Marli ficasse pronta. Vez por outra, ela e Nivaldo se encontravam dentro de um dos cômodos da casa. Todos os finais de semana encontravam-se, bebiam e amavam.

A mãe de Marli a chamou para uma conversa. Quis saber o que estava acontecendo com a filha.

Se você não está acompanhando as postagens capítulo por capítulo. Recomece pelo capítulo:01.

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