CAPÍTULO XIV
A cidade já
estava cansada de ver assassinatos serem esquecidos sem serem solucionados, sem
acharem os verdadeiros culpados.
O assassinato
de Marli seria mais um a ser arquivado se não fosse o relevante clamor popular
por justiça que bocas conscientes começaram a levantar cotidianamente.
Havia, além do
clamor popular, a recente presença de Dr. Ramos. Um detetive que mais que altivez, contava com o conhecimento do que há de mais novo na investigação
criminal. Ele não se deixava influenciar pelas aparências, sempre mergulhava um
pouco, ou muito, mais fundo e às vezes ia além do fundo.
Grande
estudioso das mitologias, da psicologia, conhecia as doutrinas, apaixonado por
filosofia, era simpatizante do marxismo. Dr. Ramos, que entendia que só era
doutor quem ostenta o diploma de doutorado, frequentava lugares exóticos e
distintos na sociedade, desde igrejas a prostíbulos.
Em suas mãos
os depoimentos. A mãe da vítima contou a trágica história da vida da filha.
Isso é. Tudo o que ela sabia. Nivaldo tinha um álibi. E Dr. Ramos reconhecia
que seu álibi era real. Tinha saído mais cedo no dia do crime. Era 03h15 quando
saiu de casa e deixou a esposa dormindo depois de uma noite de amor. Pegou o
ônibus que o levou para a lavoura. Era época de colheita do café e ele estava
fazendo um bico. Não negou que surrava Marli. Mas afirmou que apesar disso,
amava-a. Era apaixonado por ela.
Passaram-se
mais três dias. Dr Ramos releu os depoimentos. Foi interrogado pelo delegado
sobre a sua opinião se devia arquivar o caso ou ele daria prosseguimento à
investigação.
- Eu já sei
quem é o assassino. Vamos fazer o mandato de prisão. Respondeu Dr. Ramos
convicto.
De posse do
mandato de prisão, Dr. Ramos pediu a viatura com três policiais e disse ao
delegado.
- Dentro de instantes o assassino
de Marli estará atrás das grandes. Todos na delegacia apostariam que o
assassino seria Nivaldo, parecia evidente.
A viatura
policial entrou na Rua Floriano Peixoto onde Nivaldo morava, e ao contrário do
que os rostos que começaram a aparecer nas janelas esperavam, a viatura não
parou em frente a casa onde o crime tinha acontecido. Ela seguiu mais adiante
alguns metros e estacionou.
Dr. Ramos
bateu na porta de uma casa residida por cinco mulheres. Uma loura veio
atendê-lo.
- É da
polícia. A senhorita poderia nos seguir, por favor.
A loura
parecia um pouco assustada. Mas controlou-se e não viu outra saída a não ser
atender aquilo que por ora era um pedido.
Na delegacia a
loura, Margareth Vaz de Oliveira, vinte e oito anos, confessou o crime.
O que ninguém
sabia é que Dr. Ramos, apesar de novato na cidade, já tinha uma amante. Era
Sílvia, que também residia na mesma casa que Margareth e em algum momento de
excitação contou algumas histórias de Margareth que Dr. Ramos, esperto, tomou
nota. Era a vingança de Sílvia contra a colega que havia recentemente lhe
tomado um freguês importante.
- Não entendo
qual foi o motivo do crime?
- Sílvia não
contou? Eu e Marli tínhamos um caso. Não aceitei o fim. Ela queria ir embora
para não apanhar mais do Nivaldo. Mas como o senhor ficou sabendo que era eu?
- Um arranhado
de unha ao lado do corte de navalha. Um arranhado de unha grande, unha de
mulher. Rematou Dr. Ramos.
Se você está lendo pela primeira vez a postagem da novela A Última Reconciliação, comece a ler pelo capítulo 01.
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