Uma parte da
famigerada população de Homo sapiens
do nosso planetinha está com as atenções voltadas, enquanto a outra parte está
com suas tensões revoltadas, para o casamento real.
De minha parte
eu só sei que vai haver um casamento. Lá na Inglaterra. Vai ter gente chique pra
chuchu. E vai ter gente ganhando dinheiro tirando boas fotografias e revistas
vendendo. Fico imaginando se todos os casamentos não são reais.
Sim, todos. Posso
afirmar sem medo de errar. O seu casamento desandou? Não deu certo? Não se preocupe.
Nem por isso ele deixou de ser real. Verdade. Ele existiu. Não foi ilusão. Aconteceu.
Você e a outra pessoinha estavam lá.
O leitor vai
dizer que o pseudocronista aqui está fazendo trocadilho barato. E está. Mas nem
por isso deixarei de desenvolver a pseudocrônica que vai manchando a brancura
da tela.
Mesmo sabendo
que o real é de realeza e não de realidade, posso afirmar que todo casamento é
de fato real. Somos príncipes e princesas de algum reino. Ainda que seja uma
choupana no interior do interior do interior do Brasil, ou de qualquer país do
sul. Ser príncipe e princesa está no nosso DNA de Homo sapiens. Comandamos alguma coisa em algum momento da vida. Esse
pseudoescriba, de vida fútil, comanda agora os destinos desse texto. Então a
tela em branco é seu reinado, ora bolas.
Lavando o copo
na pia sobre os pratos sujos do almoço quando já são quatro horas da tarde, ou
na bica d’água que desce da lasca de bambu lá pelos anos oitenta no córrego do
Cedro, todos nós temos nossos principados. E ansiamos dentro do coração
encontrar nossa cara metade. O amor é uma infecção que vem do útero. Penso até
que o amor deveria ser considerado uma das DSTs. Não há quem não deseje, lá no
fundo, amar e ser amado.
Mas ainda que
o principado de alguém seja uma pia cheia de vasilha suja ou um beco de milho
para ser capinado, não deixa de trazer as complicações da política. Do conduzir
para o bem ou para o mal as circunstâncias. Como tudo na vida, o pequeno
principado de cada um deve ser conduzido com maestria. E até o casamento pode
vir a ser conchavo para alianças como já foi no passado, no tempo dos reinos. Aí
é que a coisa fica encoberta ou desanda.
Confesso que
não estou por dentro de quem casou com quem hoje lá na Inglaterra, e nem
sequer, no meu torrão amado. Portanto não opinarei sobre o quanto há de
política e o quanto há de amor de fato no casamento. O que eu sei é que as
coisas se misturam. A política não é ruim. Ruim é a politicagem. O uso dela para
fins nada humanos e sociais. Mas o casamento pode até ser um arranjo político,
sobretudo entre realezas, mas para terem durabilidade, não podem abrir mão do
amor.
O contrário
também é verdadeiro. O casamento pode ser motivado pelo nobre sentimento, mas
se os cônjuges não colocarem em prática a política da boa convivência, não
haverá amor que mantenha dois Homo
sapiens vivendo debaixo do mesmo teto e rocando sob a mesma coberta. Por isso
todo casamento é real de realeza e real de realidade.
19/05/2018
14:43:15
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