A pessoa caiu
dentro de um poço. Diziam todos que era muito profundo. Mas quando ela foi
resgatada, não tinha nenhum osso quebrado. Pela noite, na pequena vendinha do
vilarejo o assunto era o fato.
Encontrei com
ela quando eu voltava para casa em minha velha bicicleta. Ela estava indo para
o vilarejo em sua charrete puxada por uma égua que outrora tinha sido minha. O
animal parece ter reconhecido minha voz na escuridão.
A pessoa disse que precisava me
entregar algo estranho que ela tinha encontrado no fundo daquele posso. Fiquei
assustado.
Ela ligou sua
lanterna e tirou do bolso um embrulho pequeno. Entregou-me. Abri com a
curiosidade saltando dos meus olhos que logo foi substituída pelo espanto. A
pessoa tinha acabado de me entregar meu dedo que eu havia perdido há três anos
picando as costelas de um porco com uma machadinha muito afiada.
Em casa,
olhando à luz da lamparina aquele artefato que já tinha sido parte de mim,
lembrei-me que havia sido dito na vendinha ser a égua que havia o derrubado
dentro do poço. Foi o mesmo animal que me viu cortar o dedo enquanto pastava
próximo à varanda enquanto eu desossava o porco para alimentar a família e
fazer algum dinheirinho com os torresmos. Eu havia vendido o animal para pagar
algumas dívidas que não estava conseguindo saldar, entre elas, a da farmácia
onde comprei todo medicamento para cicatrizar minha mão.
A pessoa em
questão nunca foi carinhosa com o animal. Minha mãe, por causa do Alzheimer,
havia esquecido onde colocará meu dedo. Então, minha velha égua, que a viu
jogar o dedo no poço no sítio vizinho, pensou certamente que se eu tivesse
aquele pedaço de mim de volta, poderia buscá-la para onde ela era feliz.
PARTICIPANDO DO SORTEIO: Pode comentar aqui no blog, deixe seu nome no final do comentário. Ou pode comentar no grupo do facebook, link abaixo.
CARA, MUITO BOM! XCELENTE NARRATIVA INSÓLITA. LEMBROU-ME BORGES OU CORTÁZAR. UNS PORÉNS QUE EU VI: 1º PARÁGRAFO - COLOCAR UMA VÍRGULA APÓS VENDINHA; 4º PARAGRAFO ARTEFATO NÃO É UM BOM TERMO PARA SUBSTITUIR DEDO, NA MINHA HUMILDE OPINIÃO. EXTENSÃO, EXTREMIDADE, ACHO EU, ENCAIXARIA MAIS, SEMANTICAMENTE. MAS TEXTAÇO, AMIGO CRAUDÃO!
ResponderExcluirCARA, MUITO BOM! XCELENTE NARRATIVA INSÓLITA. LEMBROU-ME BORGES OU CORTÁZAR. UNS PORÉNS QUE EU VI: 1º PARÁGRAFO - COLOCAR UMA VÍRGULA APÓS VENDINHA; 4º PARAGRAFO ARTEFATO NÃO É UM BOM TERMO PARA SUBSTITUIR DEDO, NA MINHA HUMILDE OPINIÃO. EXTENSÃO, EXTREMIDADE, ACHO EU, ENCAIXARIA MAIS, SEMANTICAMENTE. MAS TEXTAÇO, AMIGO CRAUDÃO!
ResponderExcluirtop , maravilhoso conto , muito emocionante, achei bem legal que no conto mostra para nós que o carinho que a gente oferece aos animais uma hora ou outra é retribuído. Novamente lhe dou os parabéns por ter esse talento magnífico.
ResponderExcluir