Mutum, 19 de junho de 2018.
Camarada Olev,
Os dias, esses
dias em que a gente não sabe para onde vai. Dias de copa do mundo em que o
Brasil parece ser o porão, onde tudo o que não presta, fica aqui. O político
corrupto, a estatal que opera como se fosse uma empresa privada, a empresa
privada que precisa de ajuda do estado.
Seu país não
está na copa e você ainda continua gostando de ciclismo. Daqui alguns dias o
Tour de France. Sim, você se lembra, foi nele que nos conhecemos. Conversamos e
descobrimos que temos ideais em comum. Aqui no sul estamos começando a perder a
fé na democracia.
A sua consanguínea,
depois de apeada do poder, veio para Minas e parece querer ir para o senado. Torço
por ela e até voto nela. Eu continuo no PT, não é hora de sair. Não penso que o
barco está afundando. Um pouco a deriva, sim.
Mas o partido
ainda está em Minas. Salário pouco atrasado para nós da educação. Mas o
governador é herói por nos pagar até mês passado.
No município,
o ódio espalhado pela grande mídia chegou. Tentaram acertar o prefeito, foi o
que me contaram, e acertaram a esposa dele que raramente o acompanha. E,
acredite, o cara está fazendo uma puta administração. Ele consegue em meio a
essa crise toda, tocar a vida do município. Tiro o chapéu para ele.
Como anda a
sua Bulgária? No vôlei tudo bem, né. Você então tira onda por ter derrotado o
Brasil. Justamente no dia que estávamos estreando na copa do mundo, aí
pertinho, na sua velha Rússia. O fato passou despercebido por aqui.
O Temer já
terminou seu governo. Acho que ele nem começou. No Brasil, os dias se arrastam
até chegar o dia desse homem cadavérico passar a faixa.
Muitos falam
em intervenção militar. Eu pensando aqui em intervenção civil. Penso que podia
ser a CNBB, alguém ligado à cultura e a OAB. Talvez um evangélico, Silas
Malafaia, por exemplo. Alguns vão dizer que ele é homofóbico. Que seja. Ele representa
a parte do Brasil que também é. Gente séria. Também tenho dito que a gente
precisava reunir umas quarenta mil pessoas em Brasília, e exigir a renúncia de
todo executivo atual e de todo legislativo, bem como do tal Supremo. Todos estão
falhando e todos perderam o fio da meada. Sei que tem lá os 5% que é diferente.
O pouco que honra o voto. Em um deles eu votei, para ser deputado. Mas acho que
ele não se importaria de se sacrificar para o Brasil ser passado a limpo.
Intervenção Civil,
preciso avançar e falar mais disso. Não só para você, mas para os poucos que
ainda me ouvem na República temerativa do Brasil.
Fraternalmente,
um abraço.
Cláudio
Antonio Mendes
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