PENSAMENTO
(5º DECALOGIA DO LIVRO I)
EU
PENSO
Eu
penso no céu
Sem
nuvens
Sem
anunciar
Como
será
O
meu dia
Eu
penso no século
Cem
anos
Entre
russos e americanos
E
seus planos
E
os planos do planalto
Eu
penso na sétima arte
Um
longa, um curta
Eu
que tanto curto
Ando
sem tempo
Eu
nunca tive
Eu
penso no serviço
servidão
Produção
Apropriação
do ser
A
própria criação
Eu
penso no sexo
E
nos teus seios
E
nos meus anseios
E
não sei o que faço
Só
um abraço talvez
*****
AO
MENOS
O
pensamento
Aumenta
O
livramento
Ao
menos isso...
*****
IMPRENSA
Quem
pensa
Na
imprensa
Sempre
pisa
Em
terrenos minados
*****
BARCOS
A VELA
Livre
pensamento
Livros
abertos
E
todos veem
O
movimento
Dos
barcos a vela
*****
MENTE
FAMINTA
Alimente
a minha mente
Com
teu sorriso caliente
E
cale-me com teus beijos
Dessa
boca fremente
Tua
mente faminta
Tudo
pensa, tudo sente
E
se mentir
Famintamente?
Tomara
que não minta.
Alimente
minha mente
Certamente
faminta
Com
teu riso delinquente
Que
se mente, não sinto.
E
calo-te com meus lábios
Tudo
penso, tudo sinto
Meu
beijo fremente
Ferve
e não mente
*****
MEU
PESAR
O
meu pensamento e
O
meu pesar
Estão
pensando
Estão
pesando
Sobre
o planeta Terra
Sob
os planos
Desses
plasmoides
Que
nos deixam pasmos
Com
suas palavras
Para
as quais
Não
tenho paladar
*****
ELE
& ELA
Ela
pensa nele
Ele
pensa nela
Ela
ama ele
Ele
ama ela
Ela
faz amor com ele
Ele
faz amor com ela
Ele
&
Ela
Se
amam
E
fazem amor
No
pensamento
Pois
lonjuras
Não
é impedimento
*****
TODO
PENSAMENTO
I
Todo
pensamento positivo
Com
o pó da poluição
Com
o pólen da proliferação
E
o produto tipo exportação
Deposita
Esquisitos
votos de confiança
Como
requisito
Na
economia
Sem
trilhas
Sem
ecos nas montanhas
Sem
ego
Sem
sexo
Sem
coração
II
Todo
pensamento negativo
É
neve no verão
Leva-me
pela mão
Pelos
labirintos
Dos
lábios da ilusão
E
sem luz
E
sem instrução
Na
escuridão
E
sem escudo
Na
exclusão
III
Todo
pensamento neutro
À
luz de neon
Pode
ser bom
Pode
ser bomba
E
explodir
E
expandir
E
expressar
A
nossa pressa
Em
nos perder
Entre
as pernas
Do
podre poder
*****
NÃO
PESA
Qual
o teu pensar?
Qual
a tua ideia
A
respeito do mar
E
da sereia
Sempre
a entoar
A
melodia que semeia
Encantos
Em
cantos
Não
penso no mar
Não
penso nas ideias
Não
ouço cantos
Não
ouso cantar
Na
beira do mar
Acho
que não penso
E
não me pesa
Não
pensar
*****
COMO PODE II
Penso no poema
Progenitor sem pósteros
Cachorro sem poste
Cidade sem postal
Penso no poema
Casa sem porta
Sol sem poente
Estrada sem ponte
Penso no poeta
Trilhando sem horizonte
Sedento sem ter uma fonte
Singrando sem porto
Como pode ser gente
Esse poeta tão estranho
Falando da gente
Em poemas sem ponto
POEMAS CONCEBIDOS EM: Mutum, 30 de dezembro de 1996
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