sábado, 4 de julho de 2020

PASSADO, PANDEMIA E PORTO: PENTALOGIA DAS MINHAS PÉTALAS SEMANAIS - VIII



Com a proposta de semanalmente compartilhar com aquelas e aqueles que gostam de versos e estrofes em um mundo que vive no universo dos cofres trago nessa semana pétalas diversificadas:

1ª) A LÁGRIMA LATENTE: Um rondel que verseja sobre meu fazer poemas, abordando o lado da tristeza.
2º) PORTO SEGURO: Esse poema é um Decanato poético, um estilo experimental criado por Norma Aparecida  Silveira Morais no Recanto das Letras. Sempre que me aventuro nos experimentais,  mergulho no decanato. Em gestação o VertiKlaus de decanatos poéticos verticais, e já na incubadora a obra Extremos Periféricos Mentalizados.
3º) ESCONDENDO DOS OLHOS: Esse poema faz parte do uma outra gestação em curso a partir de poemas compostos sob efeito da pandemia. A princípio batizado de Versos Infectantes. Mas isso pode mudar, assim como os Extremos Periféricos Mentalizados.
4º) RETROVISOR QUEBRADO: Nesse segundo rondel da pentalogia versejo sobre a relação do passado com o presente.
5º) NAS GARRAS DA SOLIDÃO: Um estilo que estou consolidando. Estou chamando de pseudoglosa. Segue a ordem das estrofes de uma glosa mas fujo de outras regras como sílabas poéticas e mote de um outro autor. Os montes são criados por mim então posso chamar de necessariamente de glosa.

Espero que você se entretenha com o universo das minhas criações.


A LÁGRIMA LATENTE

Eu sempre escrevo sobre a solidão
E sobre a lágrima latente da ferida
E dessa nossa caça diária pelo pão
Na selva de fauna tão corrompida

Conheço o lado bom de uma vida
Portanto é outra minha inspiração
Eu sempre escrevo sobre a solidão
E sobre a lágrima latente da ferida

Eu até escuto as vozes do coração
Falando-me da bela manhã florida
Mas minha poesia traz a desilusão
De quem já teve a confiança traída
Eu sempre escrevo sobre a solidão



PORTO SEGURO

Nosso amor efêmero como bolha
Vinho bom em garrafa sem rolha
E não deu nenhuma outra escolha

O amor assassinado pela falsidade
E sepultado nas valas da brevidade
E foi sem deixar nenhuma saudade

Portanto, outro amor agora procuro
Um amor que seja meu porto seguro
Um farol que ilumine o meu futuro

Eu preciso de um amor de verdade!



ESCONDENDO DOS OLHOS

O mundo é um caos, a fotografia disfarça
A maldade que boceja o hálito degradante
O mundo deu errado, a democracia é farsa
Escondendo dos olhos o fio de aço cortante

Não há mais a frase certa que se possa dizer
Quando o abraço amigo não é mais confiante
E nem o teu toque carinhoso dá mais prazer
E
M
P
A
L
I
D
E
C
I
M
E
N
T
O
S
De nossas bandeiras que nos diziam muito antes
Agora pandemia e anemia dos ritmos alucinantes



RETROVISOR QUEBRADO
                                                                                  
Não posso olhar para o passado
Sem ter aprumado meu presente
E a vida sempre dá o seu recado
Da carta que recebo é remetente

Só me resta ir sempre em frente
Com o meu retrovisor quebrado
Não posso olhar para o passado
Sem ter aprumado meu presente

Mas com o para-brisa embaçado
Só consigo enxergar o sol poente
Não olho para trás e para o lado
Eu só sigo o que o coração sente
Não posso olhar para o passado



NAS GARRAS DA SOLIDÃO

Nas garras da solidão eu sangro rancor
Você me machucou como ninguém mais

As manhãs sem você são mais violentas
Os raios de sol que atingem a pele ferem
O tempo voraz se perde em horas lentas
Não sei que sacrifício os deuses preferem
Mas não sou a oferenda que eles querem

Nas garras da solidão eu sangro rancor
Rasgando a alma com meus doridos ais
Em gravidades das tuas órbitas siderais
Você me ocultou teus espinhos sob a flor
Você me machucou como ninguém mais



LINK PARA A PRIMEIRA PENTALOGIA

PARA PROSSEGUIR NA SÉRIE

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