DESAFIO
A palavra está impregnada de poesia
O pregador tenta vender o paraíso eterno
O poeta tenta cultivar flores no inverno
Mas o dia quer fortalecer suas grades
Mas o cinza quer ser o véu das cidades
Mas o capital quer nos vender vaidades
A palavra fica impregnada de maresia
Quando o discurso é um texto vazio
Quando o corpo se sucumbe ao frio
Quando cada verso se torna desafio
A esperança se enforca no último fio
***
LAPSO
Eu ainda tenho alguma esperança
De ver novamente flores no jardim
De sentir uma luz acesa em mim
Mas o dia está cada vez mais turvo
Diante de tristezas em me curvo
E no meio do peito levo um murro
Na esquina pregam perseverança
Palavras bonitas lançadas ao vento
Todos presos à fome do momento
Não adianta a força do argumento
Apenas um lapso de ressentimento
***
LAMPEJOS
A cidade está encantada e violenta
O amor é feito em troca de trocados
A dor é sentida em murros cruzados
Alguém pensa em ter uma ideia
Procura-se a rainha dessa colmeia
Cada vida em curso é uma odisseia
A cidade está enfeitada e virulenta
Pronta para devorar sonhos e desejos
Pronta para desfrutar sabores e beijos
Pronta para dirimir hálitos de bocejos
E permitir delírios em alguns lampejos
DA SÉRIE: EXpectorações PERIféricas MENTALoides
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