quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

UM SINAL - UMA CRÔNICA DE NATAL

UM SINAL


Levei meu filho mais novo, juntamente com minha esposa, para vermos os enfeites de natal na principal praça da cidade.
Confesso que ficou bonito. Os litros PET foram bem aproveitados, bom como o presépio no lado oeste e a árvore de natal no lado leste tendo com haste uma velha palmeira.
Chegamos à pracinha por volta das oito e meia da noite. Vazia. Apenas alguns casais passeando por ali com a mesma intenção que nós.
Uma pequena fila se formou em volta do presépio, umas cinco crianças contando com meu filho. Tiraram-se fotos com José e Maria e os três reis. Na manjedoura um boneco branco, pálido mesmo, representava o recém-nascido, o Menino Jesus.
Comecei a comentar com minha esposa sobre a mudança dos tempos. Início dos anos noventa, quando começamos a namorar, por uma hora dessas a pracinha estaria cheia, muito cheia. Agora os jovens deixam para sair de casa às dez da noite. E como não deixar? Privar um adolescente de divertir como nós vinte anos atrás? Determinar horário para voltar enquanto todos ainda estão em casa? Melhor educar com liberdade e responsabilidade. Confiar nos diálogos sinceros com os filhos. Confiar que nossos filhos são capazes de saber se safar dos embaraços da vida, assim como nós mesmos nos safamos muitas vezes.
Precisamos esperar, e esperamos indo a uma lanchonete. Usa-se fazer isso agora quando se sai com filhos. Um hambúrguer ou x-bacon. Uma refrigerante ou suco de laranja. Foi bom quando se vai, depois de dez anos de promessa, ao bar do nosso padrinho de casamento. Cumprimos uma promessa em 2015 ao menos.
O meu espanto foi quando voltamos para a pracinha. Já era então dez e quinze. Agora sim, jovens, muitos jovens, muitos mesmo, na quantidade e na idade. Algumas canecas de bebida alcoólica começavam a surgir aqui e ali.
Mais uma vez demos uma olhada nos enfeites de natal. Tiramos mais fotos. Então vi lá no cantinho da praça um casal passar despercebido entre as mesas do bar. Estavam vestidos de forma simples e grávidos. Então pensei: E se esse casal fosse Maria e José e nessa noite, nessa cidade, Jesus fosse nascer novamente? Por quais motivos o Verbo de Deus voltaria a se encarnar?
Não, definitivamente, não eram José e Maria, em direção a alguma manjedoura para dar a luz ao Nosso Salvador.

Mas que pode ter sido um sinal, ah, isso sim.

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